sexta-feira, 26 abril 2024

Seis décadas de maestria ao microfone

Não existe jornalista em Americana que não preste reverência a Jairo Camargo Neves. Redatores, repórteres, editores, locutores, cinegrafistas. Todo mundo se curva diante do radialista de 76 anos, que fez da própria profissão uma prestação de serviço ao público.

O povo o acompanha no rádio até hoje. Ele mantém seu programa “Estação Espacial” na Rádio Brasil, de Santa Bárbara, na hora do almoço. E como sempre usa o microfone para defender demandas populares.

Fala de diretos do cidadão, pega no pé de políticos, abomina injustiças, denuncia crimes, faz campanhas beneficentes. E por conta disso a audiência é gigante.

Ah, antes da emissora barbarense Jairo foi locutor em diversas estações da região: Brasil de Campinas, Clube, Notícia FM, Azul Celeste. Também se aventurou em jornais e emissoras de televisão.

 
Jairo na primeira sede da Azul Celeste

 
PAIXÃO ANTIGA
O rádio faz parte da história da vida de Jairo há seis décadas. Menino, ele trabalhou em uma oficina de eletroeletrônicos que seu pai mantinha na Rua Carioba, em Americana.

Aos 15 anos, trabalhava no serviço de alto-falante na Praça Basílio Rangel. Eram quatro cornetas apontadas para cantos diferentes da cidade. O mesmo sistema, do mesmo grupo, que já funcionava na Praça Comendador Müller. “Era na estação de trem que chegavam as notícias, que circulava gente. Aquele era o lugar onde tudo acontecia”, lembra o radialista. Daí a abraçar a carreira de radialista foi um pulo.

Mas pouca gente sabe que o cidadão – emblemático para Americana – na verdade nasceu em Limeira. Ele se mudou para cá garotinho, e nunca mais arredou o pé.

Aqui ele se casou, teve três filhos, colecionou amigos. E desafetos, lógico. Quem trabalha com jornalismo sério não agrada todo mundo.

Só faltava a Jairo uma homenagem. E ela chegou. A Câmara de Americana realizou na última terça-feira uma sessão solene e lhe entregou o título de Cidadão Americanense. Propositura do vereador Rafael Macris (PSDB).

A Mesa estava tomada por políticos – de gerações e ideologias diversas – unidos no tributo ao cidadão.

O homenageado usou a palavra para agradecer a honraria, e disse uma frase que emocionou a plateia. “Americana foi fundada e cresceu com o trabalho de pessoas que vieram de fora. Gente que escolheu a cidade para morar e trabalhar. Eu prestei serviço à cidade, me esforcei para fazer o máximo”, disse.

ATLETA, TREINADOR E OCUPOU CARGO PÚBLICO
Jairo Camargo Neves cursou primário, ginásio e colégio no atual Heitor Penteado. Fez contabilidade no Dom Pedro II, se especializou em radiodifusão e acabou recebendo o título de formação acadêmica através do diploma emérito concedido pelo sindicato da categoria.

Mas ele também, se aventurou em outros terrenos. Muito popular, foi convidado a trabalhar no departamento municipal que cuidava de cultura, educação, turismo e esportes (o antigo Decet), que era comandado pelo professor Wilson Carmargo no comecinho dos anos 1980.

E Jairo ainda foi atleta e técnico do time de futebol de salão do bom e velho Rio Branco.

O radialista confessa que a passagem dele pelo Poder Público não foi das mais agradáveis. Ele lembra que nem sempre conseguia executar projetos, e invariavelmente esbarrava em interesses. Saiu do cargo e nunca mais quis voltar.

Para Jairo, o prazeroso é mesmo se envolver com as questões populares, ouvir as queixas do cidadão, buscar soluções.

Polivalente, agora homenageado, não falta mais nada. Mas o homem nem pensa em aposentar o microfone.

 
Jairo durante entrevista com o já falecido Waldir Peres, que foi goleiro do São Paulo e da Seleção em Copa

 

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