O setor de alimentação fora do lar – formado por bares, restaurantes, padarias e afins – da RMC (Região Metropolitana de Campinas) já amarga prejuízo de R$ 366,4 milhões desde o início do isolamento social decretado para conter o avanço da pandemia de Covid-19.
A pandemia já provocou o fechamento de 2,4 mil estabelecimentos, nada menos que 20% de todos os 12 mil negócios que funcionavam até março.
Cerca de 15 mil pessoas perderam os postos de trabalho. Antes da crise, o setor tinha 60 mil trabalhadores.
Os números foram divulgados na manhã de ontem pela direção da Abrasel RMC (representação regional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).
O estudo da entidade leva em conta o período da quarentena nas 20 cidades da região até o dia 5 de maio. O valor do prejuízo corresponde a uma queda média de 85% no movimento e faturamento dos estabelecimentos.
Seguem funcionando e movimentando a economia regional apenas as casas que operam com o sistema de delivery.
ROMBO DIÁRIO
De acordo com o levantamento, o setor de alimentação fora do lar deixou de vender cerca de R$ 7 milhões por dia, por conta da suspensão das atividades rotineiras. “A cada dia fechado, o prejuízo só aumenta”, explica Matheus Mason, presidente da Abrasel RMC.
Mason afirma que o segmento trabalhava com uma previsão de crescimento para 2020, recuperando-se da crise que vinha afetando o Brasil nos últimos anos. Mas a pandemia frustrou as expectativas e o otimismo chegou ao fim. Resta saber o tamanho do prejuízo no final do ano.
Tentando só pagar contas
Empreendimentos muito tradicionais tiveram de afastar antigos funcionários, e se viram como podem para baixar custos e manter um faturamento que lhes permita ao menos pagar parte das contas.
É o caso da Pizzaria Quim, fundada há 34 anos na Avenida Monte Castelo, em Santa Bárbara d’Oeste. A empresa teve de demitir seis funcionários e se mantém entregando pedidos feitos por telefone. Só continuam empregadas duas cozinheiras e o motoboy.
“Meu faturamento caiu mais de 70%. Eu, meu marido, meu sogro e minha sogra estamos trabalhando. E não temos a menor esperança de que o cenário vai mudar”, disse a proprietária Ana Lúcia Benvenute Basso.
Ela diz que sente saudades do tempo em que as 48 mesas ficavam lotadas. E que a situação só não é pior porque o dono do imóvel aceitou negociar os valores da locação.
SUSPENSOS
Também em Santa Bárbara, o empresário Luiz de Oliveria Perez, dono do Tempero de Família, estabelecido há 12 anos na Rua João Ridley Buford, no Centro, colocou a filha e o genro para tocarem o négocio que, hoje, depende da entrega de marmitex. Mas o dinheiro que entra no caixa – 15% do que entrava antes – não paga nem as contas. “As pessoas deixaram de comer fora. Cozinham em casa”, diz o empresário.
Ele teve de suspender os contratos de trabalho dos seis funcionários, e diz que só não os demitiu porque falta dinheiro para as rescisões. Não há capital de giro. “Ninguém, aguenta mais tempo parado”, reclama.
Debate virtual amanhã
Diante do quadro preocupante no setor, a Abrasel RMC promove amanhã, a partir
das 15h, um debate virtual para entender as dificuldades do setor e os impactos da crise.
A webinar tem o objetivo final de traçar planos para o foodservice depois da retomada das atividades. O evento vai ter a participação do presidente nacional da Abrasel, Paulo Solmucci, e do sócio da Food Consulting e de especialistas no mercado de alimentação.
A participação é gratuita. As inscrições podem ser feitas pelo https://bit.ly/35HPWU0. O evento pode ser acompanhado ao vivo pelo YouTube no https://bit.ly/3dwLES5.