domingo, 5 maio 2024

Setor ‘essencial’ se adapta para driblar crise

Adotar práticas que levam comodidade ao cliente e demonstram cuidados com a higiene podem ajudar os negócios de setores considerados essenciais, que continuam abertos na pandemia, a passar pela crise sem muitos prejuízos. 

“O conforto já era um fator de escolha. Agora, isso se ampliou porque o consumidor está receoso de sair de casa”, diz Cesar Rissete, gerente de competitividade do Sebrae. 

Mesmo que as empresas possam manter as portas abertas neste momento, apostar nas entregas em domicílio é fundamental para aumentar a segurança da operação e potencializar as vendas. 

Durante o período de quarentena, a fatia de faturamento vinda do delivery no pet shop Sempre Juntos Pet, em Brasília, cresceu para 50% – antes da Covid-19, beirava 15%. 

Além de entregar itens como ração, remédios e brinquedos, o negócio também leva e busca os animais que vão fazer banho ou tosa – o serviço de táxi se tornou gratuito durante o isolamento social. 

“No começo, os clientes estavam assustados. Quando demonstramos nossos cuidados na entrega, eles se sentiram mais confortáveis em enviar os animais para a loja”, diz Gabriela Ziegler, 34, proprietária. 

A higienização do espaço foi triplicada, o pet shop passou a fazer apenas um banho por hora e a oferecer serviço de drive-thru, levando produtos ao carro do cliente. 

Procedimentos de segurança precisam ser seguidos à risca e devem ser comunicados aos consumidores que, neste momento, podem estar com uma sensação de insegurança, afirma Rissete. 

A recomendação para empresas atuarem para minimizar o risco é que funcionários usem máscaras e, se possível, óculos, porque os olhos também são uma via de contaminação, afirma Jorge Luis Ferreira, infectologista e diretor do Hospital Santo Expedito, na zona leste de São Paulo. 

Luvas, segundo ele, muitas vezes transmitem uma falsa sensação de proteção porque o usuário, quando se sente seguro, deixa de prestar atenção se está levando a mão aos olhos e às vias aéreas. 

Outra sugestão é implementar, se possível, uma barreira física (como uma placa de acrílico) entre o cliente e o funcionário que presta atendimento e fazer marcações sinalizando a distância de segurança de dois metros no espaço da fila de pagamento. 

Essa distância de segurança também deve ser observada pelos entregadores, em especial aqueles que trabalham com estabelecimentos de comida pronta. 

O chef Igor Witer, 37, do restaurante Vicoboim, em Higienópolis, São Paulo, havia optado por não trabalhar com delivery antes da epidemia, mas teve de mudar de ideia já que não pode atender fregueses no salão neste período. 

Para estruturar a operação, ele pediu ajuda à empresa de nutrição que já prestava serviço para o restaurante e estabeleceu medidas de segurança. 

A primeira precaução foi conversar com a equipe para reforçar a conscientização sobre cuidados, entre eles a forma segura de higienizar as mãos e a importância de evitar o contato físico. 

Igor também instalou uma bancada de inox a dois metros de entrada da cozinha para fazer ali o descarte de embalagens externas e a higienização dos alimentos que serão usados nas receitas. 

Quando a comida está pronta, os entregadores, que não têm acesso ao interior do restaurante, recebem o pedido por uma janela, na qual fica um frasco de álcool em gel. 

O delivery, afirma o chef, é uma forma de manter em funcionamento a casa que abriu há apenas quatro meses. “Como tinha recém-inaugurado, estava sem capital de giro e não podia parar. Com o delivery, consigo manter o restaurante no radar dos clientes”, diz ele.

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