Uma das famílias não reconheceu a vítima na hora do velório e a devolveu, levando o Grupo Serra, de Hortolândia, a admitir engano no traslado de duas falecidas em Sumaré; uma delas foi sepultada sem que a família soubesse do equívoco
Os corpos de duas mulheres que faleceram na manhã da última terça-feira (21), em Sumaré, foram trocados por uma empresa de serviços funerários de Hortolândia. Uma delas chegou a ser enterrada sem que os parentes notassem o erro. O engano foi descoberto apenas na manhã desta quarta-feira (22), quando a família da aposentada Maria Aparecida Cardoso, 74, não a reconheceu momentos antes do velório.
De acordo com o genro da aposentada, o metalúrgico Aliomar Agnelo, 51, a sogra foi internada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Macarenko, na noite do último dia 1º, depois de se sentir mal. Uma semana depois, a aposentada foi transferida para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do HES (Hospital Estadual de Sumaré) e na manhã de terça, a família foi informada que Maria Aparecida não havia resistido às complicações de Covid-19.
O corpo, então, foi retirado do hospital pela funerária Serra, mas não chegou ao Cemitério Campo dos Amarais, em Campinas, onde seria sepultado.
“Quando abrimos o caixão para prepará-la para o velório, não a reconhecemos e não aceitamos o corpo, que foi devolvido ao hospital”, explica Agnelo.
A família registrou um boletim de ocorrência por “destruição, subtração ou ocultação de cadáver”.
A família registrou um boletim de ocorrência por “destruição, subtração ou ocultação de cadáver”.
No final da tarde desta quarta, por meio de uma nota, o Grupo Serra, responsável pelo translado dos corpos das duas mulheres, admitiu o erro.
Segundo a funerária, o corpo de Maria Aparecida foi trocado com o de uma mulher de 71 anos, que faleceu horas antes na UPA e cuja ficha de identificação estava “em branco”. O nome dela não foi divulgado. A família da segunda mulher não percebeu a troca e sepultou o corpo de Maria Aparecida – em cemitério não informado.
“Avaliando todo o processo com as duas senhoras, a partir de gravações de circuito interno de vídeo no laboratório da empresa, o Grupo Serra identificou que houve um erro de procedimento, ocasionando a troca de corpos, que às 10h do dia 22 de setembro, foi identificado pela família de uma das falecidas. Como primeira ação, o Grupo Serra já está entrando em contato com a família da paciente que faleceu no UPA Macarenko, para informar o ocorrido, bem como a necessidade de exumação do corpo para confirmação das digitais”, explica a funerária.
O outro corpo foi encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal) de Americana, onde passará por exame de reconhecimento. O processo deve entre cinco e 10 dias.
O Grupo Serra lamentou o ocorrido e se comprometeu a esclarecer o caso.
O Grupo Serra lamentou o ocorrido e se comprometeu a esclarecer o caso.
A família de Maria Aparecida diz que entrará com um processo por danos morais contra a empresa.