sexta-feira, 22 novembro 2024

‘Superferiado’: pesadelo do comércio na RMC

A proximidade de dois feriados prolongados – hoje, com a Proclamação da República, e na terça-feira, Dia da Consciência Negra – deve causar um impacto negativo para o comércio varejista na maior parte das cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas). A queda nas vendas em função das paralisações dos feriados pode alcançar 7%, reduzindo a movimentação do varejo em até R$ 96 milhões no mês.

Os números são estimativas feitas pelas associações comerciais das cidades onde também será feriado no dia 20 – Campinas, Santa Bárbara d’Oeste, Sumaré, Nova Odessa e Hortolândia na RMC. Segundo os dirigentes, o “superferiado” que começa hoje, com pontes na sexta e na segunda, e acaba só na terça-feira, deve provocar perdas nas vendas e negócios no comércio que serão difíceis de serem reparados, principalmente em tempos que o varejo ainda passa por dificuldades, devido à crise que assola o país.

IMPACTO
Segundo Laerte Martins, diretor de economia da Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas), o principal impacto na RMC é, naturalmente, em Campinas e no comércio central.

“As perdas em vendas, devido aos feriados na cidade, podem chegar a R$ 90 milhões, que representa 7,5% de queda no mês, principalmente se nenhuma loja abrir nos dois feriados. Se algumas abrirem, o prejuízo é menor, mas não menos do que R$ 55 milhões”, calcula o economista.

Em Santa Bárbara d’Oeste, a Acisb (Associação Comercial e Industrial de Santa Bárbara d’Oeste) tenta minimizar o prejuízo do feriado do dia 20, com abertura das lojas em horário especial, das 9h às 14h. Mesmo assim, de acordo com a previsão da entidade, a queda nas vendas deve chegar a 7%.

“Para nós, serão quatro feriados em apenas 35 dias (dias 2, 15 e 20, e o feriado municipal no dia 4 dezembro, aniversário da cidade). De todos esses dias, só vamos abrir na terça-feira (20) e em horário especial. O comércio perde muito”, analisa Roberto Bonamin, presidente da Acisb.

Claudiney da Silva, presidente da Acino (Associação Comercial e Industrial de Nova Odessa), disse que o “superferiado” na cidade tem um impacto muito forte nos resultados do mês e do ano. “A nossa expectativa é de uma perda no comércio e serviços de R$ 1,2 milhão, R$ 250 mil a menos em tributos municipais, e um desempenho negativo em torno de 4,5%”, sentenciou.

Para a Aciah (Associação Comercial e Industrial de Hortolândia) o feriado prolongado trará uma queda nas vendas entre 5% e 10%. “O impacto é negativo para todos. Para a cidade que deixa de arrecadar impostos, para os empresários, para os funcionários que deixam de ganhar comissão, e também para os consumidores, que poderiam aproveitar a folga para fazerem suas compras”, destacou Cleber Marola, gerente da entidade.

DIVERGÊNCIAS COM SINDICATO
Além do prejuízo com feriados prolongados, lojistas de Sumaré e Hortolândia ainda enfrentam divergências com sindicatos de empregados do comércio, que pressionam para que as lojas não sejam abertas. Em Sumaré, o comércio fecha hoje.

No dia 20, só poderão abrir quem assinou acordo individual com o Sindicomerciários (Sindicato dos Empregados no Comércio de Sumaré e Hortolândia). “Fomos informados que o sindicato fará fiscalização no comércio no dia 20. Para nós, é um prejuízo muito negativo”, comentou Domingos Guerreiro, presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Sumaré.

Cleber Marola, da Associação Comercial de Hortolândia, explicou que para as entidades, o lojista abrir ou não é facultativo. “Mas, em Hortolândia o sindicato já avisou que não é para abrir. Mesmo querendo pagar todos os direitos dos funcionários, os lojistas não vão abrir por receio de problemas”, diz.

R$ 12 BI DE ‘PREJUÍZO’ NO PAÍS 
Até agora, 2018 é o ano com mais feriadões prolongados do século. São 36 dias de folga (10% dos dias do ano todo), principalmente para as cidades que comemoram o feriado do Dia da Consciência Negra, na próxima terça-feira, como acontece em alguns municípios da RMC (Campinas, Santa Bárbara, Nova Odessa, Sumaré e Hortolândia).

A preocupação com as perdas e prejuízos já estavam na pauta desde o início do ano de entidades como a Federação do Comércio de Bens e Serviços (Fecomércio-SP) e a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Segundo estimativas das duas entidades, o comércio varejista brasileiro deve deixar de movimentar pelo menos R$ 12 bilhões este ano só em decorrência dos feriados nacionais prolongados. Esse montante é 15% superior ao dado projetado em 2017.

 

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