sábado, 23 novembro 2024

Taxas de suicídio triplicam desde 90

As taxas de morte por suicídio em Campinas mais que triplicaram entre 1990 e 2017, passando de 1,7 para 5,6 pessoas para cada grupo de 100 mil habitantes. Enquanto em 2000 os suicídios respondiam por apenas 3,7% dos óbitos por causas externas, em 2017 já representavam 10,8%. Os dados – contabilizados a partir de registros oficiais de ocorrências – fazem parte do primeiro boletim sobre o tema, organizado e interpretado por pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

O estudo foi publicado pelo CCAS (Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde), do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Entre 2010 e 2017, o enforcamento foi o tipo mais comum de suicídio (58,9% dos casos registrados). Em seguida apareceram autointoxicação ou autoenvenenamento (12,8%), arma de fogo (10%) e precipitação de lugar elevado (8,9%). O intrigante é que, desde 96, o enforcamento é uma tendência crescente de suicídio.

As demais caíram. Entre as mulheres, os casos de aurointoxicação é mais expressivo que entre os homens. Outra constatação importante: a taxa de suicídio entre os homens é 4,4 vezes superior à das mulheres, e a faixa etária de maior incidência é aquela entre os 40 e os 59 anos. Além de dados sobre as mortes, o boletim traz também informações sobre tentativas de suicídio e sobre a prevalência de alguns indicadores de “sofrimento psíquico” na população de Campinas. Só entre 2015 a 2017, foram notificadas 868 tentativas de suicídio no município.

A maior taxa de tentativas ocorreu nos adolescentes de 15 a 19 anos. Foram 59,9 casos por 100 mil habitantes. “O suicídio é um fenômeno complexo com muitos fatores biológicos, psíquicos, culturais e sociais interagindo. É relacionado com sofrimento psíquico insuportável. A presença de doença mental (em especial de depressão e abuso de droga e álcool), história de abusos físicos na infância e a presença de um componente de impulsividade/agressividade, são condições comumente associadas ao suicídio, além de possível contribuição genética”, explica Marilisa Berti de Azevedo Barros, coordenadora do CCAS e docente do Departamento de Saúde Coletiva da FCM.

INDICADORES

Um inquérito de saúde realizado pelo Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas (Devisa), analisado pelos pesquisadores da Unicamp, ajuda a compreender os indicadores de sofrimento psíquico. Os dados foram tabulados em 2014 e 2015. Os entrevistados que falaram sobre as tentativas de suicídio revelaram sentimentos como a tristeza, falta de interesse pela vida, desânimo, depressão.

Embora o suicídio e o comportamento suicida sejam eventos complexos, multifatoriais e ainda não completamente entendidos, existem estratégias de prevenção com eficácias comprovadas. É preciso dificultar, por exemplo, o acesso de pessoas deprimidas a armas de fogo e substâncias tóxicas. Também é necessário o acompanhamento médico de quem tem transtorno depressivo ou outros transtornos psíquicos. (Com informações do Jornal da Unicamp).

Mundo tem 800 mil casos a cada ano

A cada 40 segundos, alguém no mundo interrompe a própria vida. Segundo dados disponibilizados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), com base nos registros de 2018, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio no mundo a cada ano. Para se ter uma ideia da gravidade disso, basta considerar que os homicídios fazem 470 mil vítimas anuais, mundo afora.

As taxas seguem avançando, especialmente em países pobres e em desenvolvimento. E para especialistas a serviço das Nações Unidas, os casos só podem ser evitados quando se derruba o preconceito histórico contra as contra doenças mentais. Desde a década de 60, por exemplo, existem no mundo todo grupos de valorização da vida, que buscam, dar ouvidos para pessoas que – atormentadas por uma razão ou outra – são vítimas em potencial do suicídio. Ainda assim, segundo a OMS, a vergonha ainda é o maior obstáculo para o enfrentamento do problema

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