sábado, 19 abril 2025

Todos os lados da confusão de sábado no kartódromo de Nova Odessa

Abdo Omar Najar Neto, o Omarzinho, filho do prefeito Omar Najar (MDB), e o seu filho Caio Najar se envolveram em confusão no sábado (4), no kartódromo de Nova Odessa. Omarzinho é acusado de queimar um carro e efetuar disparos. A defesa do filho do prefeito alega que Caio foi agredido e que Omarzinho “evitou tragédia”. 

De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), responsável pela Polícia Civil em todo o Estado, foi registrado boletim de ocorrência. “Um carro foi incendiado e disparos de arma de fogo foram efetuados, por volta das 14h30 do último sábado (4), em um kartódromo, em Nova Odessa”, confirma a nota. 

A PM (Polícia Militar) foi informada e ao chegar ao local descobriu que houve um desentendimento e encontrou um Chevy 500 incendiado e com perfurações na lataria. “O autor teria fugido. Ninguém ficou ferido. O veículo foi encaminhado para perícia”. 

As partes foram encaminhadas para a delegacia, onde foram ouvidas. O caso foi registrado como disparo de arma de fogo e dano, na delegacia de Nova Odessa, que investiga os fatos”, diz a nota da SSP. 

Segundo Alessandra Simonete, advogada da equipe QC Racing, de Jundiaí, que teve o carro queimado, Caio Najar participava da competição e se envolveu em acidente na pista com um dos pilotos da QC Racing. 

“Propositalmente Caio jogou o kart dele em cima do outro piloto que capotou e teve vários ferimentos. Após o ocorrido, Caio saiu da pista, disse ao mecânico dele ‘deu m… vou vazar’ e se evadiu, ficando somente os mecânicos e integrantes de sua equipe”, aponta. 

Pilotos da QG foram exigir dos mecânicos de Caio um pedido de desculpas, “porque são pilotos experientes e que não era atitude de se fazer”. De acordo com a advogada, depois disso sua equipe voltou ao seu lugar e 30 minutos depois, Caio teria aparecido com seis seguranças. 

“Ele começou a discutir com os pilotos da equipe QG Racing, tendo um de seus seguranças iniciado agressões físicas e foi uma via de fatos generalizada. Um dos seguranças dele estava com uma arma de fogo e foi imobilizado. Quando a arma caiu no chão, outro segurança dele pegou a arma e escondeu. E acabou a confusão por ali”, relatou. 

BALAS | Marcas de tiros no veículo que foi incendiado

De acordo com a versão da QC Racing, a equipe estava carregando os equipamentos para ir embora quando, aproximadamente meia hora depois, Omarzinho teria aparecido, dizendo que era pai de Caio, “armado e disparando tiros para cima”. A advogada diz que Omarzinho avistou o Chevy e, armado, ordenou que um de seus mecânicos ateasse fogo no veículo. 

“O mecânico ficou meio sem reação, e foi ameaçado com a arma, tendo o autor dos disparos falado pra ele ‘taca fogo nessa merda que eu te pago pra isso’. O mecânico foi até a caminhonete deles pegou o galão de gasolina, despejou no carro e ateou fogo. 

FOGO | Veículo queimado foi encaminhado para perícia

Ao ver o incêndio, pessoas pegaram o extintor e foram tentar apagar”, afirmou a advogada. 

“O autor dos disparos mirou com a arma e efetuou três disparos na direção dos mesmos, dizendo ‘chega mais perto se for homem’. Nesse momento o filho dele, os seguranças e mecânicos saíram do local em dois veículos. O autor dos disparos entrou no carro, parou ao lado do veículo pegando fogo e efetuou 11 disparos contra o carro e fugiu”, encerrou. 

Segundo a advogada, o proprietário do Chevy queimado e alvejado “não participou da confusão, não estava envolvido no acidente e não agrediu ninguém”. 

De acordo com o Pablo Verner de Oliveira Brito, advogado de Omarzinho, Caio foi agredido. O advogado enviou imagens do jovem com lesões, cuja divulgação foi autorizada pela família. 

Segundo Brito, médicos afirmam que o tecido interno ficou exposto e é muito provável dano estético permanente no rosto. 

“Em relação ao ocorrido no kartódromo de Nova Odessa no último sábado, o meu cliente Abdo Omar Najar Neto não cometeu nenhum crime, muito pelo contrário, apenas evitou uma barbárie ainda pior que a ocorrida, tendo vista o estado lastimável que, homens formados fizeram ao espancar seu filho”, disse, em nota. 

De acordo com a defesa de Omarzinho, Caio foi abordado pela equipe QC Racing após acidente ocorrido na pista entre ele e um piloto da equipe de Jundiaí. 

“Este mesmo grupo, formado por numerosas pessoas que vieram de outra cidade, tentaram ao arrepio da lei impedir a saída dos equipamentos de treino do menino, que em momento algum acionou ou chamou seu pai, este foi avisado por terceira pessoa do risco que o menino estava correndo e por pouco a tragédia não foi pior”, descreveu Brito. 

Ainda segundo o advogado, os pilotos da equipe de Caio tinham ido embora e os mecânicos ligaram informando que o grupo estava impedindo-os de sair. 

“Foi então que os meninos retornaram para saber o que estava ocorrendo e para liberar seus bens do local. Acionaram a polícia pelo 190, que não chegou, foi após isso que se iniciou a agressão do grupo a Caio e seus mecânicos. Abdo (Omarzinho) só chegou ao local após saber que seu filho estava sendo agredido por um grupo grande de pessoas”, disse. 

Segundo Brito, Caio registrou boletim de ocorrência por agressão. No boletim, Caio diz que a equipe de Jundiaí o cobrava pelo acidente causado e que ele e os mecânicos de sua equipe foram cercados e agredidos com socos e pontapés e também com um soco inglês. 

PISTA DEVERIA ESTAR FECHADA, DIZ PREFEITURA 

Segundo a Prefeitura de Nova Odessa, o kartódromo não tinha autorização para funcionar desde o mês passado, uma vez que a atividade não consta na fase laranja do Plano São Paulo. A região voltou ontem para a fase vermelha (só serviços essenciais). 

“A prefeitura informa que o kartódromo protocolou mês passado um plano de ação para a retomada parcial de suas atividades, negado pela Vigilância Sanitária. A decisão foi informada aos proprietários, ou seja, eles tinham conhecimento do impedimento”, informou a prefeitura. 

“A Vigilância foi pega de surpresa com o evento e está noticiando o kartódromo pelo descumprimento do decreto estadual que proíbe esse tipo de atividade”, completou. 

A reportagem tentou contatar o kartódromo via e-mail, WhatsApp e telefone, mas ninguém atendeu ou respondeu.  

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