A Unicamp divulgou ontem o envio à Presidência da República, aos ministérios, ao Congresso Nacional e ao Governo de São Paulo, de uma moção da universidade contra os cortes anunciados pelo governo federal de 5.613 bolsas de pós-graduação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e redução de 50% nos recursos às bolsas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) em todo país.
Atualmente, CNPq e Capes aportam cerca de R$ 12 milhões mensais para financiamento de bolsas a quase 5 mil estudantes de pós-graduação na Unicamp.
Somente com os cortes nas bolsas da Capes, a medida afeta, neste mês de setembro, 58 bolsistas da Unicamp. Em maio já haviam sido congeladas outras 43 bolsas e em junho, mais 17.
Já o CNPq concede à Unicamp 2.861 bolsas, a estudantes de ensino médio e superior em nível de técnico, graduação e pós-graduação.
Segundo o chefe de gabinete da Reitoria, José Antonio Gontijo, nesse momento ainda não é possível saber quantas bolsas e quais seguimentos sofrerão os cortes na parte do CNPq, que passarão a ocorrer a partir de outubro, referentes às atividades de setembro.
Atualmente, são pagos R$ 400 mensais como ajuda de custo para as bolsas do CNPq de iniciação científica (para alunos de graduação).
Pesquisadores de mestrado ganham R$ 1,5 mil e, de doutorado, R$ 2,2 mil. No total, a Unicamp tem 4,8 mil bolsistas de pós-graduação, que, além do CNPq, usam outras fontes de financiamento, como a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e a Capes.
“A Universidade Estadual de Campinas manifesta-se veementemente contra esse desmonte do ensino superior público e da pesquisa do Brasil, que constituem o único consenso entre todos os governos, à exceção do atual, que se sucederam nas últimas nove décadas no nosso país”, diz trecho da moção a ser enviada às autoridades, aprovada na última terça-feira (3) pela Câmara de Ensino, Pesquisa e Extensão e pela Câmara de Administração da Unicamp.
GRUPO DE APOIO
O reitor da universidade, Marcelo Knobel, também anunciou ontem a criação de um grupo de trabalho para discutir medidas emergenciais de apoio aos pós-graduandos atingidos pelo contingenciamento.
Será estabelecido pelo grupo um “Programa Emergencial de Apoio a Bolsistas” do CNPq, para implantar, em 30 dias, eventual subvenção a alunos, através de acesso à alimentação, bolsa moradia, suporte à saúde mental e criação de um fundo de apoio. “Estamos estudando as alternativas para apoiar os estudantes nesse momento, mas não sabemos por quanto tempo essa ajuda será possível”, disse o reitor.