O vereador de Piracicaba Cássio Luiz Barbosa, conhecido como Cássio Fala Pira (PL), foi preso temporariamente na manhã desta quinta-feira (9) após denúncias de crimes sexuais. Segundo a Polícia Civil, ao menos sete mulheres registraram boletins de ocorrência contra o parlamentar na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) do município nos últimos dias.
Relatos
De acordo com boletins de ocorrência obtidos pela TV TODODIA, uma das mulheres contou que procurou o gabinete do vereador em busca de uma vaga de emprego. Durante a conversa, o parlamentar teria segurado sua mão, massageado e feito comentários de conotação sexual. Em seguida, segundo o depoimento, ele teria passado a mão em suas partes íntimas e começado a se masturbar, pedindo que a denunciante o tocasse.
Ao recusar, a mulher relatou ter sido apalpada, começou a chorar e foi interrompida por uma funcionária que bateu à porta após ouvir o som. O vereador teria pedido que ela esperasse, alegando que a entrevista “ainda não havia terminado”. A denúncia aponta que ela afirmou ter se sentido “suja” após o episódio.
Outro relato indica que Cássio mantinha contato com mulheres da comunidade em razão de sua função pública. Uma das denunciantes afirmou que o parlamentar costumava tocar sua cintura e o quadril durante conversas, sendo necessário pedir para que ele parasse. Em outra ocasião, ao ser procurado para tratar de uma demanda do bairro, ele teria insinuado esperar algo em troca, dizendo: “Vou ganhar o que para te ajudar?”

Uma das mulheres pediu medida protetiva com base na Lei Maria da Penha e entregou o celular à polícia para perícia.
Vereador negou acusações na sessão de segunda-feira
Durante a sessão da Câmara Municipal na segunda-feira (6), Cássio negou as acusações. Disse ter “histórico limpo” e alegou estar sendo alvo de ameaças por telefone. Em discurso, o vereador afirmou que as denúncias seriam falsas e questionou a possibilidade de os supostos abusos terem ocorrido sem que ninguém percebesse, devido à proximidade entre os gabinetes.
“Os gabinetes são próximos. Se eu tivesse feito alguma coisa, o gabinete ao lado teria escutado. Peraí, a pessoa não ia gritar?”, declarou. “Será que eu sou tão idiota assim, tão burro desse jeito, de correr o risco dela gritar ali?”, completou.
O parlamentar também criticou o que chamou de “condenação antecipada” e disse confiar no trabalho da Polícia Civil e da Justiça.
Defesa se manifestou
A defesa do vereador Cássio Luiz Barbosa afirmou que as redes sociais tiveram papel determinante na ampliação das acusações contra o parlamentar. Segundo os advogados, publicações e comentários online teriam estimulado novas denúncias e contribuído para o desgaste da imagem do vereador antes da conclusão das investigações.
“Hoje você tem mais carrascos nas redes sociais, pessoas que temem realmente apurar a verdade real. A verdade real será apurada, não tenha dúvida disso. A defesa está fazendo isso. A gente tem conhecimento de grupos que têm, inclusive, interesse político nessa questão. Ao longo do inquérito, nós vamos apresentar o arcabouço de provas que temos a favor do nosso cliente e deixar a Justiça cuidar do Cássio”, afirmou o advogado Jonas Parisotto.
Ainda segundo os defensores, o meio político também teria influenciado o cenário que se formou em torno do caso. Eles alegam haver grupos com interesses partidários na repercussão das denúncias e reforçam que o processo deve seguir dentro da legalidade, sem interferências externas. A defesa sustenta que não há provas concretas nos autos e que o vereador tem colaborado com a Justiça, apresentando documentos e informações que, segundo os advogados, comprovariam sua inocência. Cássio está em prisão temporária e pode permanecer detido por até 30 dias, enquanto as investigações seguem sob responsabilidade da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
Câmara e partido
Em nota, a Câmara Municipal de Piracicaba informou que acompanha o caso e colabora com as investigações, prestando suporte às autoridades e mantendo contato com a Procuradoria Legislativa para adotar as medidas administrativas e regimentais cabíveis.
Já o PL (Partido Liberal) de Piracicaba declarou ter “total confiança na Justiça, no trabalho sério da Polícia Civil e no devido processo legal”, reconhecendo “a gravidade das acusações e a importância de uma apuração rigorosa e imparcial”.
Em caso de condenação, o vereador deve ser expulso da sigla, ainda de acordo com o documento.
Canais de ajuda
Mulheres que estejam sofrendo violência podem acionar o 190 (Polícia Militar) em casos de agressão em andamento ou risco iminente. O 180 (Central de Atendimento à Mulher) funciona 24 horas, de forma gratuita e sigilosa, oferecendo orientação e encaminhamento à rede de proteção.
*Atualizado às 15h37.