Em fase final do processo de regularização, as ruas do agora chamado Residencial Vila Soma, em Sumaré, tiveram seus nomes oficializados por meio de publicação no Diário Oficial da cidade. São 37 ruas, cinco avenidas, quatro vielas e uma praça, que receberam nomes por meio de projetos de lei elaborados pelo vereador Willian Souza (PT) e aprovados pela Câmara. Os nomes carregam homenagens e momentos históricos da ocupação que se tornou bairro e foram escolhidos pelos próprios moradores por meio de assembleias.
Na lista de nomes oficializados, chamam atenção alguns como Rua Marisa Letícia Lula da Silva, falecida esposa do ex-presidente Lula; Rua Marielle Franco, vereadora carioca assassinada em 2018; Rua Dr. Ernesto Che Guevara, cujas frases eram utilizadas pelo movimento nas passeatas; e Rua Ricardo Zarattini, que foi deputado e era pai do deputado federal Carlos Zarattini (PT), parlamentar que atuou em defesa do movimento da Vila Soma em Brasília.
De acordo com o vereador Willian Souza, a escolha desses e de outros nomes é uma forma de registrar na história quem fez parte da luta das famílias por moradia.
“O objetivo foi homenagear pessoas que inspiraram a luta ou tiveram ligação com a luta. A dona Marisa, por exemplo, tinha um carinho muito grande pela ocupação e mandava brinquedos dos netos para presentear as crianças no Natal. A Marielle foi morta enquanto estávamos resistindo, e defendia as mesmas bandeiras que nós. Também tem vários nomes de rua de moradores antigos que acabaram morrendo antes de chegarmos à regularização. Acho importante destacar que não foi uma escolha do vereador Willian, foram escolhidas pelos moradores, fui apenas um instrumento no Legislativo”, afirmou.
Outros nomes fazem referência ao movimento de moradia, como Rua Povo Sem Medo, Rua da Regularização, Rua Formigueiro (em referência ao canto das famílias nos protestos no início da ocupação), Rua das Trabalhadoras, além da Avenida Soma, a principal do bairro, e a Praça da Resistência, local onde sempre foram realizadas as assembleias das famílias.
A instituição dos nomes por lei ainda não significa o fim do processo de regularização, mas é um importante avanço, segundo Willian. “É uma das fases da concretização da regularização, uma questão de trazer humanidade aos moradores, sentimento de pertencimento e conquista do seu endereço próprio. As leis foram aprovadas com a liberação da Secretaria de Planejamento. Quando se efetiva isso, se concretiza a liberação para a CPFL fazer a instalação da rede elétrica e pra ter o registro de CEP. Essas são as próximas etapas”, explicou o vereador.
Prestes a completar nove anos, a Vila Soma tem cerca de 10 mil moradores e é uma das maiores ocupações de moradia do estado de São Paulo. Em 2019, após anos de embate judicial, as famílias assinaram um acordo com a empresa Fema4, que havia arrematado a área da massa falida da empresa Soma. Na prática, as famílias estão comprando a área, já dividida em lotes.
No ano passado, diante do acordo, a ação judicial que pedia a remoção das famílias foi extinta no STF (Supremo Tribunal Federal), dando fim à batalha jurídica.