sexta-feira, 25 abril 2025

Atriz ressalta beleza nas rugas e olheiras de Maria Marruá

“Eu acho que, como muitos brasileiros da minha geração, ‘Pantanal’ está num lugar de memória afetiva, de conforto, de casa”, conta Juliana Paes  

Gravações | ‘Complicado, mas deu tudo certo (Foto: Reprodução/TV Globo)

Juliana Paes, 43, não teve muitas dúvidas ao ser convidada para viver Maria Marruá na nova versão de “Pantanal”, que a Globo exibe na faixa das 21 horas. A atriz conta que, mesmo com todas as dificuldades do papel, aceitou de imediato.

“Falei: ‘Começamos quando? Quando é que a gente viaja?'”, lembra ela em bate-papo com a imprensa. “Eu tinha vontade de conhecer o Pantanal também, que ainda não conhecia. Sabe quando junta a fome com a vontade de comer? Tinha o desafio de ser o personagem de uma atriz que eu admiro tanto, de quem eu sou fã, a história, todo o entorno”.

Na primeira versão da trama, Maria foi vivida por Cassia Kis, em um de seus grandes papéis na televisão. “Eu acho que, como muitos brasileiros da minha geração, ‘Pantanal’ está num lugar de memória afetiva, de conforto, de casa”, conta Juliana.

“Eu lembro exatamente da posição do meu pai e da minha mãe sentados, da cor do sofá onde eles ficavam sentados”, diz. “Meu pai nunca foi muito de ver novela – ele começou a ver novela quando eu comecei a fazer novela, mas ele parava para ver essa”.

“Claro que para as novas gerações vai ser novidade, mas tem um público cativo de novela, que ama novela, que no meu sentir está muito emocionado de revisitar essa história”, observa. “Creio que não é só pela história, mas por essa sensação que a novela traz para nós”.

Para as gravações, Juliana se despiu de vaidades, mas diz que isso não foi um problema. “A gente vive esse universo às vezes muito estético e eu tenho recebido muitas perguntas nesse sentido: de como é se ver envelhecida ou maltratada”, comenta. “Parece que o espírito da pergunta vem no sentido de ‘como é fazer esse esforço’. “Não é esforço nenhum, muito pelo contrário”, garante. “É gratificante poder abrir mão da vaidade, da estética vigente. E, mais do que abrir mão, ver beleza nisso. Eu vejo beleza nisso: nas olheiras, no cabelo branco, vejo poesia nessas marcas do tempo. É um prazer poder abandonar essa mochila um pouco da idade, do perfeito, e não só gostar de fazer como se deleitar vendo o resultado que isso tem”.

Ela lembra como foi chegar à imagem da personagem. “Eu sempre considero muito o percentual de participação que a caracterização, tanto figurino quanto maquiagem, têm na formação dos nossos personagens”, afirma. “Acho que o personagem acontece mesmo depois que você coloca a roupa e que você se vê com o cabelo pronto, com a maquiagem pronta”.

O que ninguém vai ver na tela são os bastidores das gravações, que, segundo Juliana, tiveram algumas curiosidades. “Para mim, o mais difícil era acordar com vontade de fazer pipi de noite voltando para a fazenda, ir para detrás do carro, baixar e fazer”, revela.

“Eu falei que hidratei bastante aquela área, porque eu faço xixi toda hora”, brinca. “O Kike [Enrique Diaz, que interpreta o marido de Maria Marruá] ficava de vigia para mim. E o medo de vir um bicho? Esse era o medo, esse era o perrengue. Complicado, mas deu tudo certo”. Outro perrengue foi durante a gravação de uma cena no rio, em que a personagem aparece boiando com uma barriga de grávida. “Eu estava ali no meio do rio, paradona, e dá-lhe mudar a câmera de posição, bota a câmera pra lá, bota a câmera pra cá”, lembra.

“Quando eu vi já era o André da nossa produção gritando: ‘Sai!!!”, diz. “Quando eu olho, o jacaré já vinha assim, traçando uma reta. O jacaré viu aquela carcaça boiando, carcaça boa, barriga pra cima, falou: ‘É nessa que eu vou’. Eu saí correndo, barriga pendurada, aquela loucura… Quase que eu tomo uma mordidinha de jacaré (risos)”.

Passadas as gravações no local e com a novela no ar, o desejo de Juliana é que o Pantanal receba a atenção que merece. “Eu rezo, quero muito que aconteça, que as pessoas vejam o Pantanal, tragam o Pantanal mais para perto, não vejam como algo que está tão distante”, afirma.

“As imagens são lindas, mas nós pegamos alguns lugares com baixa de água”, lembra. “A gente sabe que isso é sazonal, mas existe uma preocupação e uma forma de ajudar em ações positivas de fato: podemos adotar uma arara, ajudar dando visibilidade para esses institutos que trabalham lá na região… Espero que a novela traga muito a reflexão porque o Pantanal precisa muito de mais atenção”, finaliza. 

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