Designer e cientista Manel Torres é o criador da técnica inovadora
Quem é do mundo fashion sabe bem: semanas de moda têm muito mais do que tendências de estilo, cores, glamour e celebridades. No início do mês, em Paris, o público parou para ver um espetáculo de tecnologia na passarela de uma grife: um vestido sendo feito com spray. A técnica inovadora foi criada pelo designer e cientista Manel Torres.
A top model entrou seminua, tapando os seios com as mãos. Em frente à plateia, o corpo dela começou a ser pintado com spray. Parecia mágica.
Em dez minutos, depois de um toque especial da estilista da marca usando apenas uma tesoura, ela estava pronta: e desfilou com o vestido branco colado ao corpo feito instantaneamente – e ao vivo.
“Nesse líquido, nós temos uma mistura de fórmulas. A que eu fiz pra semana de moda de Paris tinha celulose e algumas resinas. A gente pulveriza a fórmula e o material entra em contato com o ar quase seco, por isso não gruda na pele. Imediatamente, ele se transforma em tecido sintético”, explica Torres.
Ele revelou ainda que o vestido do desfile, especificamente, tinha textura de uma camurça bem macia. Mas podem ser feitos vários tipos de tecidos.
Ideia surgiu em festa
Manel Torres contou que estava em uma festa, há 20 anos, e alguém usava um spray que solta uma espécie de espuma. Da brincadeira, veio a inspiração que virou revolução.
“A vantagem é que é muito rápido de fazer e muito confortável de usar. Mas, como é uma tecnologia, ainda estamos aprendendo. Nós queremos fazer materiais mais resistentes”, afirma.
O designer garante que os produtos não agridem a pele e que podem ser reutilizados, lavados e até reciclados. A técnica permite ainda criar diferentes consistências, maleabilidades, tamanhos, cores – com possibilidades de uso não só na indústria da moda.
“Pode ser um curativo, um adesivo com medicamento, pode ser usado para estofamentos de sofás e poltronas, pela indústria automotiva pra fazer os bancos dos carros. As aplicações são infinitas”, conta.
A empresa criada por ele, com sede e laboratório em Londres, já fez desfiles na capital inglesa e em Moscou, na Rússia, com fantasias surpreendentes em 3D usando o spray.
Torres acredita que seria viável usar a técnica para vestir os foliões nas escolas de samba.
“Para o carnaval do Brasil seria incrível, porque será possível criar fantasias bem grandes e temporárias, dissolvíveis. E a cada ano fazer diferente, com glitter dentro e muitas outras coisas”, conclui.
Via G1/Fantástico
