quarta-feira, 5 fevereiro 2025

Mundo defende Cinemateca

 Movimentos globais dão apoio aos profissionais e criticam governo pelo descaso com instituição

Entidades internacionais reprovam o governo pelo descaso do local (Foto: Folhapress)

 Desde o incêndio ocorrido num depósito da Cinemateca Brasileira na semana passada, uma série de entidades internacionais do setor de cinema têm publicado notas de apoio aos profissionais da instituição e com críticas ao governo federal brasileiro. Ontem, a Associação de Cinematecas Europeias publicou um texto comentando a demissão em massa dos funcionários da Cinemateca Brasileira, ocorrida no ano passado, e responsabilizando o governo Bolsonaro pelo fogo que danificou os materiais da unidade da Vila Leopoldina.

“Desde junho de 2020, representantes de várias instituições do patrimônio cinematográfico europeu e mundial expressam preocupação em relação ao futuro desta respeitada instituição. A administração e os funcionários da Cinemateca são os últimos a serem considerados responsáveis por este desastre”, afirma a nota. “O governo federal tem tratado a Cinemateca com tanto desprezo que em 2020 a instituição morreu de fome, com fundos congelados, funcionários não pagos e demitidos, atividades paralisadas.”

Na Sexta-feira, dia 30, a Fiaf (Federação Internacional de Arquivos de Filmes, na sigla em inglês) definiu o incêndio como uma catástrofe para o cinema mundial. “Enquanto nós não sabemos a extensão total dos danos, é provável que a catástrofe tenha causado a perda de quantidades significativas de filmes e outros artefatos culturais importantes da Cinemateca Brasileira, um dos mais antigos e respeitados membros da nossa rede global e um guardião essencial do rico patrimônio cinematográfico do Brasil”, diz a nota da Fiaf.
Ainda na Sexta, o Instituto Lumière, que reúne acervo de filmes de diversas partes do mundo, disse que o acontecimento representa um símbolo “da terrível gestão cultural” existente no país. “É mais um desastre sofrido pela Cinemateca em vários anos, após quatro incêndios e uma enchente”, diz a nota. “A maior dificuldade, no entanto, são as condições impostas pelo atual governo brasileiro.”
A publicação do Lumière destacou ainda o fato de que desde julho do ano passado o Ministério Público Federal fez vários alertas sobre o risco de incêndio na instituição.
Os 950 membros do Conselho da Associação de Arquivistas de Imagens em Movimento também se manifestaram sobre o ocorrido. Segundo eles, os ex-profissionais da Cinemateca, demitidos em meio à crescente crise institucional, “defendem incansavelmente o patrimônio cultural” do país e deveriam voltar aos seus cargos.
Além de entidades, algumas organizações de eventos internacionais de cinema também se pronunciaram, como o Festival de Locarno, da Suíça. “O patrimônio audiovisual brasileiro não pode mais esperar. Exigimos uma resolução imediata”, diz um post no Twitter.
O incêndio teria começado durante a manutenção no ar-condicionado e queimou o acervo histórico de filmes. O depósito atingido abriga parte importante de seu acervo, como filmes de 35 mm e 16 mm, feitos de material altamente inflamável. Eles seriam cópias para exibição, não os rolos originais, que ficam em outro local. Também ficam ali o acervo da Programadora Brasil, equipamentos museológicos e documentos
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