quarta-feira, 24 abril 2024

O inferno são (sempre) os outros

Nossa sociedade parece ter uma tendência em repetir ciclos dos mesmos erros. Isso em parte se deve ao fato do atraente comodismo em apontar o dedo para os outros como responsáveis pelos problemas, evitando assim, uma autocrítica responsável e construtiva de assumir a responsabilidade dos seus próprios equívocos. 

Desta forma, os responsáveis pelo “inferno” em nossas vidas são sempre “os outros”, nunca nós mesmos. 

Pensando nisso, o Grupo Teatral Talento estreia seu vigésimo espetáculo intitulado justamente “O Inferno São os Outros” neste domingo (13) no Fábrica das Artes em Americana. 

Inicialmente haveria apenas uma única apresentação. Porém, a procura por ingressos antecipados foi tanta, que os mesmos esgotaram e o grupo abriu uma nova sessão. Assim, a primeira apresentação será às 19h e a sessão extra logo em seguida às 21h. Os valores são de R$ 10 para meia-entrada, antecipado e estudantes, e R$ 20 no valor inteiro no dia do evento. Os ingressos podem ser retirados com os integrantes do grupo ou combinando horário no Fábrica das Artes, através do evento ou da página do Fábrica no Facebook. 

PEÇA 

“O Inferno São os Outros” é um espetáculo baseado e adaptado de forma livre da obra de Jean Paul Sartre “Entre Quatro Paredes”, que adentra na perspectiva do existencialismo. 

No palco, três personagens morreram e chegam ao inferno. Este inferno, porém, não é nada como o descrito por aqui. Trata-se de um quarto fechado, sem espelhos, onde os três se veem condenados a conviver uns com os outros. 

Garcia é um publicitário que queria ser um herói e teme que as suas duas companheiras descubram sua covardia. Estela é uma burguesa fútil preocupada com sua imagem. Inês é funcionária dos correios, agressiva e encontra alegria no sofrimento alheio. Neste quarto fechado, os 3 são obrigados a se ver através dos olhos dos outros. 

A direção da peça é assinada por Elliot de Souza. O elenco conta com Mariana Lobo, Ellis Almeida, Vinicius Buriti e Carlos Eduardo Nascimento. Na produção, Nathan Pennacchioni é assistente de direção e Guilherme Estocolmo é figurinista e cenógrafo. A fotografia é feita por Tatiana Sajorato. 

EXPERIMENTOS 

Segundo o diretor Elliot de Souza, a ideia da peça surgiu por volta de um ano atrás, quando começou a sentir vontade de sair do palco e experimentar a direção. “Fazer parte do GTT e do Fábrica das Artes é maravilhoso porque abrem-se essas possibilidades de experimentações e o grupo abraça e apoia essas ideias. O Marcelo Porqueres foi o principal incentivador para colocarmos o plano em prática”, conta. 

Tendo a decisão tomada, depois foi definir o texto. “Escolhi “Entre Quatro Paredes” porque é um texto que eu adoro e tem muito a ver com os questionamentos que faço sobre a nossa existência. Embora Jean Paul Sartre tenha o escrito na década de 40, é um texto que ainda nos faz refletir mesmo nos dias de hoje”. 

Elliot conta que após a escolha do texto, ele buscou Ellis, Vinicius e Cadu para o elenco. Em seguida, Mariana também foi convidada para o elenco. Juntamente com ela, chegaram Guilherme e Nathan na produção. Esses 3 são alunos do curso livre de teatro do Fábrica e também estão desfrutando dessa nova experiência. 

“O espetáculo foi construído a partir de nossos encontros, estudos, jogos teatrais, improvisos, ao mesmo tempo em que eu adaptava o texto, os atores traziam coisas novas. Então muitas cenas e falas foram criadas por eles. O legal do teatro é o processo, o caminho que percorremos até chegar no que o público de fato assiste”, completa o diretor. 

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