terça-feira, 23 abril 2024

‘O mistério do relógio na parede’

“O Mistério do Relógio na Parede” trilha o caminho desbravado por “Harry Potter”: personagem do garoto herói, feiticeiros do bem, feiticeiros do mal, outros seres fantásticos e uma direção de arte bela e imaginativa. Pode ser classificado como um dos melhores filmes da temporada para o público infanto-juvenil.

 

Mas é uma obra que traz alguns elementos que, a princípio, parecem conflitantes. A produção é da Amblin, a empresa criada por Steven Spielberg para seus filmes mais “fofos”. Mas o diretor é Eli Roth, protegido de Quentin Tarantino que tem no currículo filmes violentos como “O Albergue” e “Canibais”, além do recente remake de “Desejo de Matar”.

 

No elenco, os protagonistas adultos são interpretados por Jack Black, ator cômico de filmes rasos de muito sucesso, e Cate Blanchett, atriz com ar sofisticado e talento desfilados em produções de maior ambição artística. Ou seja, contrastes dentro e fora da tela.

 

No entanto, “O Mistério do Relógio na Parede” funciona bem demais. Há o encanto típico dos acertos de Spielberg para o público jovem, com Roth trocando o estilo sanguinolento por sustos causados por monstros mais engraçados do que ameaçadores.

 

E a dupla de atores vai bem. Blanchett está magnética, como sempre. E Black aparece muito contido, sem o registro de humor histérico que já comprometeu outros filmes.

 

No centro de tudo, está o menino Lewis (Owen Vaccaro), que perde os pais e vai morar em outra cidade com o tio Jonathan (Black), que parece ter um caso enrolado com a vizinha, a senhorita Zimmerman (Blanchett). O jovem logo percebe que a casa sinistra do tio, com dezenas de relógios nas paredes, esconde alguns segredos.

 

Enquanto enfrenta os problemas típicos de um garoto de 12 anos chegando a uma nova escola, Lewis descobre que o tio e a vizinha são bruxos. Com potencial para o sobrenatural, o menino passa a ser treinado pelo casal e aprende alguns bons truques.

 

Numa tentativa de superar o bullying no colégio, Lewis recorre aos livros do tio e, sem saber, desperta um demônio aprisionado no cemitério da cidade. A entidade quer simplesmente fazer a Terra voltar no tempo até antes do surgimento do homem, o que exterminará toda a raça humana.

 

A partir daí, o filme acompanha a luta do trio de feiticeiros bonzinhos contra criaturas das trevas. Clichê, claro, mas o espectador já foi fisgado pelo atraente e assustador conto de fadas.

 

Há cenas realmente encantadoras, como a da poltrona viva que se comporta como um cachorrinho da família, e a do exército de abóboras decoradas para o Dia das Bruxas que ganha vida e persegue os heróis.

 

O livro que deu origem ao filme, lançado em 1973 pelo americano John Bellairs, faz parte de uma trilogia com o personagem Lewis Barnavelt. O que aponta a vinda de mais dois filmes com o aprendiz de feiticeiro. Não é Harry Potter, mas tem charme próprio, que deve impulsionar a franquia.
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