quarta-feira, 12 novembro 2025

Polarização política sem cortes

“É uma grande alegria e será uma grande ajuda na trajetória do filme”, afirma Clara Lazarim, ex-aluna do curso de Audiovisual do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e codiretora do curta-metragem Batalha, que acaba de receber menção honrosa no festival Short of The Year – Autumn, promovido pela distribuidora espanhola Promofest. O prêmio dá direito a 50 inscrições do filme em outros festivais internacionais.

Batalha aborda a polarização política no Brasil ao registrar uma entrevista que, realizada às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais no Brasil em 2018, no pátio da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, se transformou numa acalorada discussão. Além de Clara, a produção tem direção de Guilherme César e Rica Saito, também ex-alunos da ECA, e do documentarista Caio Castor.

Cinquenta anos depois da “Batalha da Maria Antonia” – como ficou conhecido o conflito entre estudantes da USP e do Mackenzie ocorrido em outubro de 1968 na Rua Maria Antonia, no centro de São Paulo, que resultou na morte de um estudante secundarista -, o local foi novamente palco de divergências políticas.

Saito conta que ele e a equipe estavam entrevistando apoiadores do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro no campus da Universidade Mackenzie, ainda hoje instalado no mesmo local onde se deu o conflito de 1968, quando uma jornalista, Marília Melhado, indignou-se com os discursos de ódio à esquerda.

O curta-metragem teve passagem por grandes festivais de cinema internacionais, como o Festival Internacional de Documentários de Amsterdã (IDFA), o Festival de Gotemburgo, na Suécia, o Zagrebdox, na Croácia, a mostra competitiva de curtas do Festival Internacional de Cinema de Guadalajara e o de Leiden, na Holanda, onde também conquistou uma menção especial.

César afirma que essa repercussão internacional não foi uma surpresa, porque, além da originalidade da linguagem escolhida, a questão temática é forte não apenas no Brasil. “O que o bolsonarismo representa em termos de violência e mobilização nos seus eleitores fervorosos, assim como o que ele está promovendo no Brasil como experiência política dramática, é algo que não diz respeito só ao Brasil. A nossa desgraça, a nossa violência reverbera no mundo”, afirma César.

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