domingo, 24 novembro 2024

Produção promete desvendar mistérios que envolvem a morte de Tancredo Neves

Um país vive 21 anos sob uma ditadura militar. Quando enfim elege (ainda que indiretamente), um presidente civil, da oposição, uma tragédia acontece: ele adoece um dia antes de tomar posse.

As informações são confusas e desencontradas: apendicite? diverticulite? câncer? atentado? As notícias falsas ecoam ainda hoje. A história parece cinema. É Brasil, 1985. E o final você já sabe: Tancredo Neves (PMDB) morre e seu vice, José Sarney (PDS), assume.

Mesmo com desfecho conhecido, “O Paciente – O Caso Tancredo Neves”, longa de Sérgio Rezende que estreia nesta quinta-feira em 60 salas do país, mantém o clima de suspense ao se propor a narrar, com base em registros médicos, a verdade sobre os 38 dias que antecederam a morte do político (1910-1985) -e a sucessão de erros médicos responsáveis por isso.
O filme entra em cartaz uma semana após o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), líder das pesquisas, ser esfaqueado em atentado em Juiz de Fora (MG). Para Rezende, apesar de tanto o longa quanto a atual corrida às eleições representarem momentos críticos da política brasileira, hoje o país está muito mais polarizado. “De uma certa maneira, o Tancredo conseguiu unir o Brasil em dois momentos. Primeiro, na esperança [pela volta da democracia], e depois no desespero, na dor da sua morte”, diz.
Embora tenha forte fundo político, a produção é centrada no atendimento médico prestado ao político. Logo no início é mostrada sua primeira operação do paciente. Segundo os registros, havia 20 políticos dentro dessa sala de cirurgia. Depois, é ainda retratada a inacreditável falta de materiais cirúrgicos adequados, enquanto sobram arrogância e disputa médica.
“Tudo o que você achar que é mentira no filme é verdade”, garante Rezende. O longa foi feito com base no livro de mesmo nome, escrito pelo pesquisador Luís Mir, que investigou detalhadamente os prontuários médicos de Tancredo Neves. “Ele foi mal diagnosticado, mal operado e mal acompanhado”, diz Mir.
Para conferir realismo à trama, Rezende optou por uma câmera só, utilizada de forma documental. Também preferiu inserir imagens reais da época. Há várias cenas que mostram a comoção real das pessoas nas ruas e até entrevistas de políticos, como Ulisses Guimarães (1916-1992). Nesta mesma linha, o longa não tem trilha sonora. “A não ser no final, em que entra um hino de Milton Nascimento e que não podia faltar na história.”
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