sábado, 27 julho 2024

Série ‘Um Dia Qualquer’ é a tragédia à qual brasileiros estão fadados, dizem protagonistas

Temas comuns nas retratações das periferias brasileiras, como drogas, corrupção, milícia e o drama materno, tomam ares de tragédia grega em “Um Dia Qualquer”, série que estreou nesta segunda-feira (17), às 22h, no canal Space. 

“Na tragédia grega, você sabe seu destino logo no início da história. E não importa o quanto você fuja dele, ele irá acontecer. A série fala de um lugar que está fadado a isso. É sobre a tragédia cotidiana brasileira”, diz Augusto Madeira (de “Bingo”, “Tropa de Elite” e “Ninguém tá Olhando”), intérprete de Quirino. 

Na história, o personagem é um ex-policial civil que se torna chefe da milícia em uma comunidade carioca e acredita estar acima da lei, sem enxergar seus erros. Como o próprio ator define, é um retrato fiel de algo que nasceu na zona oeste do Rio de Janeiro e se espalhou como uma alternativa do crime organizado. 

Quirino é casado com Bruna (Tainá Medina), mas sua verdadeira paixão sempre foi Penha (Mariana Nunes), uma mulher viúva, ex-traficante e, acima de tudo, mãe que busca seu filho desaparecido depois de ter se envolvido com a milícia. 

Um dos grandes diferenciais da série, segundo Nunes, é justamente o trabalho realizado em cima dos traços, personalidades humanas e camadas dos personagens. “Penha é uma mulher cheia de histórias”, diz a intérprete. “Ela guarda dentro de si uma injustiça muito grande, e sem poder fazer nada por muitos anos, apenas para proteger a família. Ela acaba se refugiando na igreja para não correr ainda mais risco.” 

Feita inicialmente em formato de filme, mas com 25% de material extra em comparação ao longa -que ainda não tem data de lançamento-, a série foi gravada em 2018 e tem cinco episódios de menos de meia hora cada um. A intenção é retratar, nesse curto espaço, um dia inteiro na realidade daqueles personagens, com alguns flashbacks que mostram a relação de anos entre os dois protagonistas citados. 

“Este dia é a primeira segunda-feira do ano após o Carnaval. Mas é um dia qualquer porque essa história pode, e se repete, em outros dias do ano no Brasil”, afirma Nunes, que também pode ser assistida em “A Cura”, “Carcereiros” e na novela “Amor de Mãe” (Globo) -que teve gravação suspensa devido à pandemia. 

“Fala sobre a banalização da tragédia brasileira. Num dia você se choca com um estudante que morreu de bala perdida; no dia seguinte são mais dois ou três. Você acaba ficando anestesiado. Se torna comum e habitual”, acrescenta Madeira. 

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