A dois dias do prazo final para as convenções partidárias que indicarão os candidatos a prefeito e vice nas eleições suplementares do próximo dia 1º de setembro, a política em Paulínia aparenta ter pelo menos seis concorrentes ao cargo mais alto do município. Sim, aparenta. Paulínia, que já teve 12 prefeitos desde 2013 – ou seja, média de dois por ano – parece a representação fiel da célebre frase atribuída ao ex-banqueiro Magalhães Pinto: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Você olha de novo e ela já mudou”.
A velocidade dos ventos em Paulínia levam as nuvens políticas a mudar como humor de bipolar. Quem pega a fase depressiva da vez é o ex-prefeito interino e vereador Du Cazelatto (PSDB), que começou a semana passada como um dos favoritos na briga pela segunda prefeitura mais rica da RMC (Região Metropolitana de Campinas) – Paulínia tem uma receita estimada de R$ 1,5 bilhão para 2019, atrás apenas de Campinas, cujo orçamento para este ano é R$ 5,7 bilhões. Porém, o PSDB local rachou, a diretoria estadual decretou intervenção no partido em Paulínia, e a candidatura de Cazelatto ainda não é confirmada oficialmente pelo PSDB, apesar de o grupo que apoia Cazelatto ter realizado uma convenção na última sexta-feira, indicado o vereador ao cargo de prefeito, com Sargento Camargo a vice. (leia texto abaixo).
CONCORRENTES
Se Cazelatto ficar fora do baralho, restam seis candidatos ao cargo de prefeito da cidade, que tem em 74 mil eleitores aptos a ir às urnas. O sucessor do atual prefeito, o interino Antonio Miguel Ferrari, o “Loira” (DC), pode ser ele mesmo, que não esconde seu interesse em continuar ocupando a cadeira. A convenção do partido de Loira será também na terça-feira (30), prazo final concedido pela Justiça Eleitoral para as definições.
O registro das candidaturas pode ser feito até 19h do dia 2 de agosto. Outro (até o momento) forte concorrente de Loira é o ex-prefeito Edson Moura. Na verdade, não exatamente ele, mas sua esposa Nani Moura (MDB). Ele está inelegível e é citado em nada menos que 197 processos judiciais em primeira instância. Loira teria sido sondado a ocupar o cargo de vice na chapa, mas não há nada definido. É Paulínia, lembram das nuvens? Nesta terra politicamente arrasada, quem navega de vento em popa é o empresário do ramo de combustíveis Tuta Bosco (PPS).
Com o PV oficialmente dentro do barco e o PSDB (talvez) também, Tuta corre para superar os 13.765 votos que recebeu na eleição em 2016, quando ficou em terceiro na disputa – atrás apenas de Dixon Carvalho, que venceu, mas foi cassado em 2018, e do ex-prefeito José Pavan (PSDB), desgastado no meio político, mas “dono” de 17.239 votos em 2016. A lista “fecha” com os pré-candidatos Dr. Gustavo Yatecola (Avante), vereador por dois mandatos, médico e funcionário público, e com Custódio Campos (PT). Os vermelhos vão de chapa pura após terem sido “esnobados” pelo PSOL, que também pretenderia ir para as cabeças.
O TODODIA não conseguiu confirmar a intenção com o diretório municipal do PSOL. O fato é que, em Paulínia, nada é definitivo. Por hora, apenas o calendário estipulado pela Justiça Eleitoral. A propaganda começa no dia seguinte ao registro das candidaturas, em 3 de agosto, e a diplomação ocorrerá no máximo até 4 de outubro, segundo o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo).
Em pé de guerra, PSDB pode decidir na Justiça
Com um dos pré- -candidatos tidos como favoritos na disputa, o PSDB está em pé de guerra em Paulínia e o processo de escolha do partido pode acabar na Justiça. É que uma ala dos tucanos que apoia o nome do vereador Du Cazelatto como candidato a prefeito entrou com pedido no PSDB para realizar a convenção tucana na noite de sexta-feira (26), na Câmara. Porém, o presidente local do PSDB, Sérgio Zanovelo, protocolou outro pedido de convenção – cujo intuito seria defender coligação com outro partido encabeçando a chapa.
Com dois pedidos diferentes na mesa, a Executiva estadual do PSDB resolveu intervir no partido em Paulínia na última quinta-feira (25), afastando o presidente Zanovelo e nomeando o presidente do PSDB de Hortolândia, Rogério Mion, temporariamente na direção do ninho tucano em Paulínia. Mion, que ocupa cargo em comissão no Gabinete do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Cauê Macris (PSDB), assumiu como interventor do PSDB de Paulínia e marcou para a próxima terça-feira (30) a convenção do partido para escolha do candidato a prefeito.
O grupo que apoia Cazelatto, contudo, teria obtido uma liminar na Justiça na sexta-feira, e realizou na sexta mesmo (26) uma convenção na Câmara, que culminou na indicação do vereador à disputa, com o Sargento Camargo de vice. Ontem, inclusive, Du Cazelatto divulgou em seu perfil nas redes sociais a informação de que ele é oficialmente candidato PSDB na disputa. Em entrevista ontem no final da manhã ao TODODIA, Rogério Mion afirmou não ter sido notificado oficialmente sobre a convenção que indicou Cazelatto, nem sobre a comentada liminar que teria sido obtida.
Ele disse que, portanto a convenção convocada por ele, enquanto interventor do PSDB, está mantida para terça. Mion disse que, oficialmente, o partido ainda não tem candidatura definida. Du Cazelatto não foi localizado ontem, nem retornou às tentativas de contato feitas pela reportagem. A Executiva estadual tucana deve ser acionada, bem como a Justiça, para decidir a situação no partido.