sábado, 27 abril 2024

Operação da PF prende 24 por tráfico

Vinte e quatro pessoas de Americana, Campinas e Monte Mor foram presas nesta terça-feira (6), na megaoperação Overload, da Polícia Federal de Campinas, que desmontou uma quadrilha que enviava cocaína com alto teor de pureza à Europa usando como rota o Aeroporto Internacional de Viracopos.

Entre os presos estavam um policial militar e um policial civil de Campinas. O papel deles no esquema é investigado. Funcionários do aeroporto recebiam de R$ 50 mil a R$ 100 mil para facilitar o envio das drogas que chegam do Peru, Bolívia e Colômbia. Foram bloqueados R$ 7 milhões em imóveis, veículos e contas bancárias.

Entre os presos estava um morador de Americana, ex-funcionário do aeroporto, envolvido no esquema de tráfico. Foram apreendidos computadores e documentos na casa dele. Em Monte Mor, foram apreendidos R$ 180 mil em dinheiro vivo com um dos alvos da operação.

Dois suspeitos, um no bairro Campo Belo e outro no Eldorado dos Carajás, em Campinas, morreram em confronto com a polícia. Um deles tinha uma distribuidora de água usada para lavar dinheiro. Um dos mortos tinha passagem por homicídio e roubo e outro não tinha passagem. As circunstâncias da morte serão apuradas em inquérito policial.

Foram expedidos 35 mandados de prisão temporária, dos quais 26 na região de Campinas – dos quais dois morreram em confronto com a polícia, além de 44 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Mato Grosso, Manaus e Rio Grande do Norte. Integrantes da Conexão Pantanal, em Mato Groso, faziam a lavagem de dinheiro.

A operação foi realizada pela Polícia Federal, Receita Federal e Polícias Militar e Civil. Esse grupo criminoso atuava há pelo menos três anos. A intenção foi reprimir essa complexa organização criminosa, com ramificações em estados do Brasil e no exterior.

ALICIADOS

Entre os empregados e ex-funcionários de empresas prestadoras de serviço na área restrita de segurança do aeroporto aliciados há dezenas de pessoas em funções como vigilantes, operadores de tratores, coordenadores de tráfego, motoristas de viaturas, auxiliares de rampa, operadores de equipamentos e funcionários de empresas fornecedoras de refeições a tripulantes e passageiros.

O delegado Marcelo de Carvalho, responsável pelas investigações de combate ao crime organizado no Estado, informou que havia um aliciamento, dos funcionários do aeroporto para facilitar o tráfico, além de ameaças. “O poder econômico do tráfico de drogas é muito alto e existe uma forma de atuação no aliciamento desses funcionários com o objetivo de obter vantagens para quebrar regras de segurança dos aeroportos e introduzir quantidade grande de drogas em aviões que vão para a Europa, Ásia, África e outros destinos consumidores de cocaína”, informou o delegado Marcelo.

O volume de drogas apreendido crescia de forma preocupante e atingiu quase uma tonelada em 2019, em Viracopos, considerando a remessa expressa, a exportação e a bagagem. Somente esta quadrilha é suspeita de movimentar 250 quilos de drogas no aeroporto.

A próxima etapa é identificar os destinatários das drogas no exterior através de ações de cooperação jurídica internacional com políticas de outros países na Europa.

Ao menos 200 policiais federais, 80 policiais militares e seis policiais civis participam da operação. As investigações começaram em fevereiro de 2019, com a apreensão, na Área Restrita de Segurança, de 58 kg de cocaína, com destino a Europa.

Overload, o nome da operação, é um termo em inglês que significa excesso de carga e se refere à droga ilícita inserida clandestinamente nos aviões em meio à carga regular.

Quadrilha contava com três grupos

O chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson Geraldo de Souza, informou que o bando baseado em Campinas era formado por três grupos. Um era externo e cuidava da gestão da organização, com aliciamento de empregados dentro do aeroporto e fazia contatos para movimentação da droga. O grupo de funcionários aliciados pelo crime cuidava da operação da logística. O terço braço da organização, sediado na Europa, é formado por traficantes que compravam as drogas e se articulavam para retirar o entorpecente dos aviões que chegavam na Europa.

Havia três formas de levar a droga até o terminal de cargas para embarque. O delegado Marcelo de Carvalho informou que era transportada em caminhão que levava mantas ou alimentos às aeronaves e por tratores utilizados para transporte de palets. As drogas eram escondidas nos palets no terminal de carga ou em mochilas deixadas em pontos estratégicos no terminal de passageiros. O grupo oferecia esse serviço a quem quisesse deslocar drogas ou materiais ilícitos para outros países.

 
 

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