domingo, 28 abril 2024

Sócio da Estre é preso pela PF na Lava Jato

O empresário Wilson Quintella Filho, sócio acionista e ex-presidente de empresas do Grupo Estre (que engloba Estre Ambiental, a Pollydutos e o Estaleiro Rio Tietê), e o advogado Mauro de Morais, que atuava para o grupo, foram presos temporariamente ontem pela PF (Polícia Federal) na 59ª fase da Operação da Lava Jato, denominada “Quinto Ano”.

A ação apura pagamento de propinas milionárias do Grupo Estre para executivos da estatal Transpetro por contratos na área ambiental, reabilitação de dutos e construção naval.

A Estre possui unidade em Paulínia, onde opera um aterro sanitário, além de gerenciamento de resíduos.

Durante o dia, circularam informações dando conta da presença da PF na unidade da Estre em Paulínia. No entanto, a PF não confirmou ter estado no local até o fechamento desta edição.

A ação deriva de informações obtidas no acordo de deleção premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

Ele forneceu indícios de que diversas empresas pagaram propinas de forma sistemática aos executivos da Transpetro, em um percentual de até 3% do valor de 36 contratos formalizados pela Estre com a estatal entre 2008 e 2014. Os contratos somam mais de R$ 682 milhões.

Segundo a PF, calcula-se que foram repassados no período R$ 122 milhões a agentes políticos ligados ao MDB, sendo que Sérgio Machado teria recebido R$ 2 milhões por ano, além de R$ 70 milhões no exterior.

As propinas teriam sido pagas por Wilson Quintella em espécie a Sérgio Machado e seus emissários, mediante sucessivas operações de lavagem de dinheiro que envolveram o escritório Mauro de Morais Sociedade de Advogados, segundo procuradores do MPF (Ministério Público Federal).

A Receita Federal apurou, ainda conforme os procuradores, que o escritório de advocacia recebeu, entre 2011 e 2013, cerca de R$ 22,3 milhões de empresas do Grupo Estre, sem que tenha prestado qualquer serviço.

As investigações apontam que logo após a realização dos depósitos nas contas controladas por Mauro Morais, ocorriam saques fracionados em espécie (para pagamento das propinas), como uma forma de burlar os controles do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). No período, o advogado foi responsável por sacar mais de R$ 9,5 milhões, segundo o MPF.

Os procuradores afirmam que o esquema criminoso pode ter ido além da Transpetro.

A atuação criminosa de Wilson Quintella e seu grupo, segundo eles, possivelmente alcançou outras áreas, inclusive do sistema Petrobras.

“Após quase cinco anos de Lava Jato, é impressionante que alguns criminosos ainda apostem na impunidade. Há empresas e pessoas com milhões de Reais transacionados sem explicação econômica e documental plausível que são alvos desta investigação, que ainda tem muito por avançar”, afirmou o procurador Júlio Noronha.

Os investigados responderão por crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os presos e o material apreendido foram levados para a Superintendência da PF em Curitiba (PR).

OUTRO LADO
Em nota oficial, a Estre Ambiental se limitou a dizer que “vem colaborando com a operação e permanecerá à disposição das autoridades competentes para prestar todos os esclarecimentos necessários e colaborar com as investigações”. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do advogado Mauro Morais

 
 

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