O sistema imunológico é a defesa do organismo contra fatores externos como vírus, vermes, fungos e bactérias. Com a circulação do novo coronavírus, há diversos mitos sobre como a imunidade pode ser melhorada a partir de um alimento específico, por exemplo.
Segundo médicos, a imunidade é resultado direto dos hábitos alimentares e de atividade física, ou seja, da própria saúde.
“No consultório, as pessoas querem uma fórmula mágica para melhorar a imunidade, mas isso não existe”, afirma Ana Karolina Barreto Marinho, imunologista clínica e coordenadora do departamento científico de imunização da ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).
O geriatra do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Gerontologia Natan Chehter explica que “o sistema imune é um reflexo da saúde do corpo”.
Segundo o médico, quando a pessoa não dorme, está desidratada, sob estresse, sem comer e consome cigarro, bebidas alcoólicas ou outras drogas, sua imunidade diminui.
Algumas doenças, como sarampo e Aids, por exemplo, causam imunodeficiência, ou seja, reduzem a imunidade da pessoa.
Além disso, o sistema de defesa de quem fez transplante, faz quimioterapia, tem doença crônica ou autoimune, é alérgico ou faz uso de medicamentos com corticoides ou imunossupressores (que diminuem a atividade do sistema imunológico para combater reações do organismo), também é mais fraco.
De acordo com a imunologista, se a pessoa não está doente, tem alimentação saudável, está sempre hidratada, dorme bem e pratica atividade física, o corpo provavelmente estará com uma boa imunidade, apto a produzir anticorpos – proteínas que combatem infecções. “Não existe um alimento que comprovadamente melhore a imunidade por si só”, afirma Marinho.
Apesar dos boatos, tomar determinados remédios ou ingerir um litro de suco de laranja por dia não melhora a defesa do corpo.
Chehter explica que a vacinação é uma forma de treinar o sistema imune. Quando a pessoa é vacinada, começa a desenvolver anticorpos mais cedo e, assim, desenvolve memória imunológica. Caso a pessoa entre em contato com o vírus para o qual foi vacinada, seu corpo já sabe combatê-lo.
Idosos têm menos resistência
Assim como o corpo envelhece, o sistema imunológico também sofre com o passar dos anos.
Segundo o geriatra Natan Chehter, os idosos são mais vulneráveis a novas infecções porque o organismo demora a se adaptar e responder a fatores externos.
“A circulação de vírus respiratórios é uma situação muito delicada para a população idosa, pois eles (idosos) têm mais dificuldade para eliminar as secreções e a tosse é ineficaz”, explica o geriatra.
No caso do coronavírus, por exemplo, além do quadro gripal, o vírus ainda abre portas para outros tipos de infecções, como a pneumonia — que causa a internação de idosos.
INFÂNCIA
As crianças mais novas também são bastante suscetíveis a infecções, pois ainda não têm sistema imunológico bem desenvolvido. “A maior parte das vacinas são dadas na primeira infância, justamente para as crianças criarem proteção logo de cara”, explica Chehter.
Segundo a imunologista Ana Karolina Barreto Marinho, outro grupo que merece atenção é o das gestantes, pois precisam se prevenir de doenças que podem prejudicar o feto.
Gripes, pneumonias, feridas na boca e infecções recorrentes são alguns sinais de que a imunidade da pessoa pode estar baixa, segundo a imunologista.
“Após os quatro anos de idade, o comum ter apenas dois resfriados por ano”, destaca.