sábado, 11 maio 2024

Coronel Adriana defende estruturar e melhorar segurança

Pré-candidata a deputada estadual quer criação de estatuto da PM e investimento em abastecimento  

SÉRIE | Coronel Adriana concede entrevista ao editor-chefe do TODODIA, Paulo Medina (Foto: Hugo Salvatti/ TodoDia Imagem)

A Rede TODODIA promove a série de entrevistas com pré-candidatos a deputado estadual e federal da região, por meio do programa “Sua voz, sua vez, seu voto”, que destaca a importância do voto e análise de ações de candidatos locais. A entrevista deste sábado (9) é com a Coronel Adriana, pré-candidata a deputada estadual pelo União Brasil.

A Coronel Adriana é ex-vereadora de Piracicaba e foi a mulher mais votada daquele município, quando se candidatou à Prefeitura, nas eleições de 2020, obtendo mais de 22 mil votos. Coronel Adriana afirma ser contra a reeleição, defende a valorização salarial de policiais e cobrou atenção à Policia Militar, em entrevista ao TODODIA.

O conteúdo do programa pode ser visto em multiplataforma: jornal impresso, na TV TODODIA e no portal de notícias www.tododia.com.br

TODODIA: Coronel Adriana, qual a sua história junto a Polícia Militar?

Coronel Adriana: Fui policial militar durante 30 anos. Fui guardinha mirim em Piracicaba. Entrei na PM em 1987 como soldado. Dois anos depois fui para a Academia do Batalhão e me formei em Ciências Policiais em 1993. De lá fui galgando os postos. Trabalhei 17 anos em São Paulo (Capital) e trabalhei muito tempo na Comissão Estadual de Polícia Comunitária, como Secretária Executiva. Se hoje existe um programa de Polícia Comunitária na PM se deve muito ao meu trabalho. Eu trabalhei muito quando era Secretária Executiva da comissão. A gente articulou por todo o estado que esse programa tivesse sucesso. Em 2007, voltei a trabalhar em Piracicaba como chefe e coordenadora operacional do 10º BPMI (Batalhão de Polícia Militar do Interior). Depois assumi a função de chefe do estado maior do CPI9 (responsável pela Gestão da Polícia Ostensiva de 52 municípios da região de Piracicaba), onde fazia todo o acompanhamento operacional dos índices criminais de toda região. Posso dizer para você: a gente tem o conhecimento dos problemas aqui da nossa região desde essa época até 2016, quando eu saí da polícia e fui eleita vereadora de Piracicaba. Então, acompanhamos todo o andar da nossa região em termos de segurança pública e isso nos credencia a representar a nossa região.

Tendo como base a sua experiência na área de segurança pública, você vê que o Estado ainda erra no combate à criminalidade?

O Estado erra e muito. Principalmente na questão da motivação e da valorização do profissional porque as nossas corporações são compostas de pessoas que envelhecem e passam para a inatividade. Essas vagas precisam ser preenchidas. O Estado erra quando não valoriza essa profissão. Ainda hoje a Polícia Militar não tem estatuto. A OAB tem estatuto desde sempre, os médicos e a Guarda Civil têm estatuto. Está para ser votado e regulamentado o estatuto na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e nós precisamos ter gente que tenha um cuidado com isso lá. Quando você não incentiva novas pessoas a entrarem na PM, ela enfrenta um problema enorme para recompor seus quadros de defasagens. O cidadão não vai entrar numa profissão que não tem o salário digno. Fala-se muito em equipar, equipar e equipar. Só que o equipamento sozinho não faz nada se não tiver homens e mulheres para fazer com que eles funcionem e bem.

Além dos recursos humanos, existem algumas falhas operacionais que devem ser corrigidas no combate ao crime?

Foi aprovado agora na Alesp a questão da Polícia Penal. É um tema que temos de falar com muito cuidado. Aqui no interior de São Paulo, principalmente em Sumaré, tem muita escolta de presos e a PM sofre muito com isso. Porque você tira o policial da proteção do cidadão para proteger o preso. Esse é um problema gravíssimo que há anos tentamos solucionar e há essa falta de visão do Governo do Estado de ver que não é função da PM acompanhar preso. Já deveria ter resolvido isso. Isso é em todas as nossas cidades que têm presídios e CDPs (Centro de Detenção Provisória). Foi criada a Policia Penal e eu espero que seja com o objetivo de fazer com que a PM faça a sua função e Polícia Penal faça a dela. Sempre reclamei muito. Eu fiz audiências públicas, moções, conversei direto com o secretário de Segurança Pública e com o secretário de Administração Penitenciária.

Com relação ao combate à violência contra a mulher, o estado tem inaugurado algumas DDMs (Delegacia de Defesa da Mulher) na região. Você considera suficiente?

Santa Bárbara d’Oeste está sem delegada da DDM. Uma premissa básica da DDM é que seja uma delegada. Piracicaba tem uma sede que é alugada pela prefeitura, outro problema grave do Estado: repassar a responsabilidade aos nossos prefeitos. Fazer com que os nossos prefeitos paguem os aluguéis do próprio Estado. É o cúmulo. Durante anos, os policiais não tinham condições de ficarem nas próprias companhias por causa das péssimas condições de infraestrutura. Falta infraestrutura em várias sedes de polícia. Esses problemas estruturais são passados aos prefeitos. Eles acabam fazendo por não haver nem lugar onde sentar e nem banheiro.

Quais emendas você conseguiu aprovar quando foi vereadora entre 2017 e 2020?

Eu fui a vereadora de primeiro mandato que mais trouxe emenda para a cidade de Piracicaba. Conseguimos construir duas Companhias de Polícia, não existia nenhuma. Conseguimos criar a vontade política de construir, junto com a prefeitura. A sede é do Estado, mas o dinheiro foi do Governo Federal. Trouxemos R$ 5 milhões para a Santa Casa e para o Hospital dos Fornecedores de Cana. Trouxemos também R$ 200 mil para a compra de viaturas da Patrulha Rural.

Ainda em relação à sua atuação na Câmara de Piracicaba, quais foram os principais projetos que conseguiu emplacar?

Tudo é muito regulado no nosso país. Os nossos legisladores vão perceber que tudo tem uma lei e nós estamos quase na lei número 14.000 no país. Então, tudo é regulado. O que sobra de espaço para o vereador são pequenas coisas que vão atender algumas realidades específicas. Tem pouco espaço para legislar. Sobra resolver os problemas momentâneos, que já possuem leis reguladoras, mas que não foram adotadas. Eu sou formada em Direito, fiz a prova da OAB e passei. Tenho conhecimento na área jurídica e na área administrativa, congregando os dois. Eu vi o problema quando era policial e entrei na Câmara. O meu estímulo foi isso. Ver esses problemas que a gente não conseguia solucionar e conseguimos criar a vontade política para resolver. Eu tive mais de 1.800 proposituras relacionadas a todas as áreas. A gente colocou no orçamento do município R$ 200 mil para comprar vagas em uma casa de abrigo para mulheres vítimas de violência. Até então, não tinham lugares para encaminhar essas mulheres para protegê-las. O nosso mandato foi bastante profícuo e isso nos qualificou a ser candidata a prefeita, onde fui a mulher mais votada da história. Por que não me candidatei para ser vereadora pela segunda vez? Porque sou contra a reeleição. A reeleição é o maior câncer desse país. Pessoas que fazem leis em benefício próprio. O excesso de se legislar em causa própria cria dinastias. As pessoas permanecem anos no poder e acham que vão ficar para sempre. Sou contra o foro privilegiado. É muito problemático as pessoas se perpetuarem no poder porque elas deixam de olhar para o que está acontecendo. Nós estamos vivendo uma inversão gigantesca que está colocando o país refém. A gente não tem para onde sair. Ficam sempre os mesmos fazendo o mesmo e o cidadão precisa entender que cidade não tem dono. O medo que as pessoas tinham de ir contra quem estava no governo, tolhem de falar, cobrar e realizar. Em nenhum momento deixei minhas convicções e deixei de falar.

Hoje com a bagagem do mandato, o que te motivou a ser pré-candidata a deputada estadual?

Eu tive seis convites para ser pré-candidata a deputada federal e quatro convites para ser pré-candidata a deputada estadual. Mas eu optei por ser estadual. Por ser da polícia, funcionária pública do estado, sou da Polícia Militar, sei dos problemas que precisam ser solucionados. Estamos no limiar de ter estatuto da Polícia Militar. Precisa ter gente de boa qualidade lá para regulamentar. Nós temos a questão dos investimentos que precisam ser feitos com relação ao abastecimento de água na nossa região porque não tem fontes e as fontes vêm de vários locais distantes. Então é assim, como eu sei desses problemas que a nossa região enfrenta, como a questão do trânsito na nossa região, como a SP304 que está estrangulada. Quem resolve essas questões? É o Governo do Estado. Por isso eu optei por ser pré-candidata a deputada estadual por essa proximidade. 

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