Candidato a deputado federal apontou necessidade de revisão e criação de novos mecanismos legais
Candidato a deputado federal pelo MDB, Denis Andia concedeu entrevista ao “Sua Voz, Sua Vez, Seu Voto” e destacou acreditar na descentralização de atendimentos e a necessidade de investimentos pontuais nas microrregiões de Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa para a diminuição de filas de espera. Ele pontuou a criação de mais vagas de creche e a qualificação do ensino. Segundo o candidato, dos R$ 700 bilhões que o Estado de São Paulo destina para Brasília anualmente, apenas R$ 40 bilhões retornam, criando obstáculos. Confira a entrevista:
TODODIA: Vamos falar sobre educação pública. Quais são suas propostas?
DENIS ANDIA: A experiência que tivemos e pelo convívio com outros prefeitos dos nossos oito anos como prefeito de Santa Bárbara d’Oeste nos remete a dois fatores importantes dentro do município: a luta de todos os municípios por vagas de creche, um desafio ainda não superado para muitas cidades da nossa região e a qualificação do ensino dentro da sala de aula. Acrescento a isso a necessidade de se trabalhar o ensino técnico no Brasil como um todo. O país tem um caminho longo a se desenvolver na capacitação técnica, como matriz no mercado de trabalho. Partimos do ponto daquilo que realizamos em Santa Bárbara d’Oeste. Sabemos o que fazer. Entendemos o que é necessário lá em Brasília para poder estender com mais facilidade desses temas serem resolvidos nesses municípios. Em Santa Bárbara, triplicamos o número de vagas em creches com a construção de novas creches e também lançamos o “Bolsa Creche”, que permitiu que o município encontrasse vagas dentro da rede particular e ofertasse dentro da rede municipal pública. Eu entendo que podemos ter em Brasília leis que possam lapidar o que já existe e acrescentar uma variável na obrigação do município de investimento em educação. Hoje, para cada um dos municípios, o mínimo é (investir) 25%. A questão é que não se tem uma cobrança dentro desses 25% naquilo que cada um dos municípios deve alocar. Acontece que cada um dos municípios acaba utilizando 18% desses 25% para fazer a educação funcionar. Os outros 7%, muitas vezes, são alocados para comprar materiais que não são necessários para a qualificação. Muitas vezes a compra é utilizada um ano e não dão sequência, então é um dinheiro mal investido. Quando a gente cria uma lei que dentro desse gasto de 25%, um percentual mínimo deve ser gasto anualmente pelos prefeitos e prefeituras, na criação de vaga em creches, a gente começa a estabelecer uma rota e um guia para que cada um dos municípios possa canalizar de fato recursos para esse grande problema.
De que forma atuar para ampliar o orçamento federal para a Educação?
É questão de escolha. Se um país quer se desenvolver precisa investir em educação. Ao investir em educação temos pessoas melhores preparadas não só para o mercado de trabalho, mas para a vida. Nós temos o desenvolvimento em tecnologia, em pesquisa, da qualificação técnica. A educação formalizada permite que a cultura evolua. Como fez a Coreia, precisamos levar isso. Não sou apenas eu que penso assim. Existem outros parlamentares no Congresso e outros que pretendem entrar, que pensam dessa forma. É juntar essas pessoas que entendem essa necessidade e criar um bloco para que possamos estimular o debate e assim avançarmos na legislação que permite melhorarmos essa situação no Brasil inteiro.
De que forma contribuir para potencializar o ensino técnico?
Eu tenho conversado com o Conselho Regional dos Técnicos aqui do Estado de São Paulo e temos muita proximidade. A nossa pauta em relação a isso é muito apurada. Hoje, o ensino técnico existe e é bem qualificado. Nos lugares onde não são qualificados, existe a falta de alguns instrumentos, sobretudo os laboratórios têm uma deficiência muito grande e isso é imprescindível do profissional técnico. É um investimento muito importante para o país. O Brasil é um país tão grande, mas a sua matriz de formação de profissionais para o mercado de trabalho descaracteriza a importância do profissional técnico. Países como a Inglaterra, Grã- -Bretanha, Canadá, são países com suas matrizes baseadas pelo menos em 40% de profissionais com formação técnica, que são formados para a praticidade do mercado de trabalho. É uma luta que a gente precisa caminhar com seriedade, mas ao mesmo tempo entender que existe um caminho longo para percorrer. Abertura de mais cursos técnicos e esses cursos precisam estar sintonizados com o momento do mercado. Falta estrutura e investimentos. Temos boas unidades, mas precisa abrir novos cursos. Em São Paulo, tem as Etecs. O Governo Federal precisa entrar e fornecer um pouco mais de estrutura e ter formação técnica de instituições vindas do Governo Federal. Ao superar isso, damos um grande passo para o desenvolvimento do país.
Denis, o tema é saúde. Quais são as suas ideias sobre a saúde, principalmente para a RMC (Região Metropolitana de Campinas)?
Eu sempre falo que é a diferença de poder levar a visão de quem foi prefeito de uma cidade de médio porte, com suas dificuldades e complexidade. Levar essa visão e aprendizado de oito anos para o mandato de deputado federal e enxergar mais de perto quais são as dificuldades e desafios em todas as áreas e na área da saúde, que é um desafio da humanidade, do Brasil e dos municípios. Atuar na visão metropolitana, que faz muito sentido. Eu fui presidente da RMC, por duas vezes, e me permitiu conhecer a realidade das cidades. Há uma necessidade generalizada dos municípios que é comum a todos: as pessoas sofrem com alguns gargalos como cirurgias ortopédicas. Depender do sistema regionalizado através do CROSS muitas vezes vai fazer essa cirurgia demorar um ano ou dois anos, ou até mais. Existe uma defasagem na entrega de prótese muito grande de cirurgias possíveis de serem feitas. Acontece com hemodiálise, com o tratamento oncológico, cirurgias de catarata. Nós temos uma estrutura regionalizada que concentra o atendimento de praticamente todas essas cidades. Aqui na nossa região, é a Unicamp, que é responsável pela grande maioria de tudo isso que falei, entre outros tratamentos e cirurgias. Nós precisamos descentralizar. Nós temos microrregiões dentro da RMC, por exemplo, as cidades de Santa Bárbara d’Oeste, Americana e Nova Odessa. É uma microrregião que tem um convívio muito frequente entre os moradores e nós podemos considerar essas três cidades como uma cidade de meio milhão de habitantes. Elas têm demandas suficientes para abrigar estruturas e equipamentos microrregionalizados, por exemplo, para a realização de cirurgias ortopédicas. Precisamos fazer isso em Brasília, incluir os investimentos do Governo Federal e aproveitar a estruturação que a RMC já tem juridicamente formatada, e canalizar recursos federais para a formação de unidades microrregionais para tratamento. Lembrar que o Estado de São Paulo manda para Brasília mais de R$ 700 bilhões por ano. Volta para cá R$ 40 bilhões. Nós temos crédito do que mandamos para lá e do que volta para nós. Isso não acontece hoje e precisa ter uma luta dos deputados federais. Precisa juntar a bancada e evoluir com as leis para que possam investir em estruturas aqui. Temos de atuar lá em Brasília, criar legislação, revisar e orientar os orçamentos para fazer com que o dinheiro que está lá possa chegar aqui para as pessoas. A gente precisa de políticas federais para que os municípios possam ampliar as especialidades e a realização de exames.
Com relação ao tratamento do câncer. Qual modelo você defende?
Hoje nós temos alguns centros. Campinas e Sumaré são referências do nosso estado. Temos grandes estruturas de tratamento que precisam ser descentralizadas e avançar para que possa se aprofundar em tratamentos de alta complexidade. Precisamos reforçar e estou falando de estruturas ainda maiores, que tenham abrangência como o Hospital do Amor de Campinas. Não precisa ser grande como o de Campinas ou o de Barretos, mas precisa ser eficiente na oferta desses serviços na microrregião. Quero acrescentar também a falta de vagas nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) neonatal que é um grande gargalo do Estado de São Paulo, o estado mais rico e desenvolvido da União. Nós temos poucas vagas. Hoje, dependemos de algumas cidades, como Bragança Paulista e Campinas, para atender toda a região. Tivemos recentemente um avanço, aquém do que a gente deseja, com mais 31 vagas para a região. Esse é o foco que devemos ter.