sexta-feira, 22 novembro 2024

Molina quer ‘visão ampla’ e critica ‘obras paradas’ na região

Pré-candidato a deputado estadual pelo Republicanos é o novo entrevistado do ‘Sua Voz, sua vez, seu voto’

VOZ | Pré-candidato a deputado estadual, Molina esteve nos estúdios do TODODIA (Foto: Hugo Salvatti/ TodoDia Imagem)

O programa “Sua voz, sua vez, seu voto” da Rede TODODIA que semanalmente entrevista pré-candidatos a deputado estadual e federal da região falou com Ricardo Molina, pré-candidato a deputado estadual pelo Republicanos. Empresário e atual presidente da Liga de Basquete Feminino (LBF), Molina frisou que problemas de saúde podem ser resolvidos com uma visão ampla e regionalizada. Para ele, Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste devem ser vistas com olhar de quem “entende de gestão”.

Molina declarou que as obras inacabadas no estado de São Paulo são “raízes políticas que atrapalham o desenvolvimento do estado mais rico do Brasil”. Confira a entrevista na íntegra:

TODODIA: Hoje conversamos com Ricardo Molina. Gostaria que você se apresentasse.

RICARDO MOLINA: Eu nasci em uma cidade muito simples, Estrela d’Oeste, próximo a cidade de Jales, interior de São Paulo. Em 1995 eu vim parar em Santa Bárbara d’Oeste por causa da faculdade Unimep. Fiz faculdade de Engenharia e trabalhava em Paulínia. Em 2000, me mudei para Americana, onde eu tive a oportunidade de atuar por quase 16 anos na área da saúde, uma área pela qual tenho muito apreço. Hoje tenho minha em presa que comercializa planos de saúde. A minha esposa Aline é de Nova Odessa, nosso filho Enrico de 6 anos e agora o Caio está chegando e vai chegar em outubro. Mais uma benção. Duas coisas que não abro mão: da família e de Deus.

A sua experiência em gestão e esse olhar de administrador pode ser um diferencial no Legislativo?

Eu acho que pode contribuir muito porque você consegue enxergar as coisas de uma forma maior. Por exemplo, essa visão nossa de olhar Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa e Sumaré como uma região e não cidades independentes é uma forma de gestão. O governo do estado pode ser mais atuante na nossa região. De que forma? Da forma em que gente consiga trazer projetos que atendam a população dessas cidades e melhorar a vida das pessoas. Se eu olhar só para Americana, talvez eu não entenderia porque tem lotação na UTI de Americana. Quando eu olho a região: Nova Odessa tem 117 anos e 70 mil pessoas e não tem UTI, Santa Bárbara d’Oeste, que tem 200 mil habitantes, não tem UTI neonatal, muitas vezes pra você ajustar uma coisa não é na cidade, é em outro lugar pra melhorar a cidade. Aonde vão essas crianças que não são atendidas em Nova Odessa e Santa Bárbara? Muitas vezes vão para Americana. Então, entender a gestão da saúde pública, necessariamente, precisa pensar regionalmente. Essa visão é muito de gestão. Alguém que tenha a capacidade de olhar para o todo.

Hoje você volta as raízes bolsonaristas, apoiando o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Tarcísio de Freitas (pré-candidato ao governo paulista). Você acha que São Paulo seguirá a tendência de um segundo turno como se imagina entre Lula (PT) e Bolsonaro? São Paulo terá um segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e Tarcísio?

Minha resposta é sim. Já está acontecendo esta polarização em São Paulo. Em relação às raízes, eu acompanhei muito o atual governo falar que pra ser governador precisa ter raízes. Comecei a refletir sobre o que são raízes e a gente encontrou um estado com obras paradas. As raízes, na verdade, estão impedindo o crescimento de São Paulo. O Corredor Metropolitano que ligaria Santa Bárbara d’Oeste a Campinas é uma obra anunciada há nove anos e não foi concluída. Essas obras estão enraizadas.

O trem de passageiros que ligaria Americana a São Paulo foi anunciado há nove anos e, infelizmente, não saiu nada. O Tarcísio está preocupado em terminar obra. Não importa que a ideia veio de outro governo. São Paulo vive há 28 anos na mão de um grupo político. Muda governador e a linha de trabalho é a mesma. Aqui em Americana, no Jardim Boer, uma creche que foi anunciada para estar pronta em 2019 não foi terminada e ainda vai ter de gastar mais R$ 1 milhão que não estava previsto. É uma obra do estado. Um dos papeis dos deputados é fiscalizar o dinheiro do estado e não vi ninguém se manifestando para que essa obra fosse fiscalizada.

Molina, você vem da iniciativa privada e, até o momento, não foi detentor de um mandato político, é um “outsider”. Acredita que o eleitorado assim como em 2018 repetirá o movimento de renovação em 2022?

Eu vejo uma tendência muito forte para que o voto fique na região. A tendência natural é as pessoas valorizarem os candidatos da região. O fato de eu não ter tido a oportunidade de assumir um mandato não significa estar despreparado. Acho justamente o contrário. Por não estarmos envolvidos em um mandato, a gente consegue fazer leituras que muitos não estão fazendo. Voltando ao tema da saúde pública. O primeiro atendimento é responsabilidade do município e a alta complexidade das grandes cirurgias é responsabilidade do estado. Vamos falar da CROSS (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde). Aqui na nossa região, com 40 cidades, temos 70 mil pessoas na fila de espera por uma cirurgia. Eu fico indignado. Cadê os deputados que nunca vi se manifestar? O fato de estar de fora, no sentido de não ter um mandato, nos dá uma leitura melhor. Não é só simplesmente ser o candidato da região. É ser um candidato com a leitura bem feita. É a primeira vez em Americana que não temos um deputado estadual indo para a reeleição. Se a gente não olhar quais são as candidaturas dispostas a vencer as eleições para ter representante aqui na região, corremos o risco de não eleger nenhum deputado na nossa área. O que isso implica? A questão das UTIs, do Corredor Metropolitano, das 70 mil pessoas na fila de espera, que dependem do deputado estadual.

Para finalizar, recentemente uma decisão da Justiça obrigou você a retirar vídeos das mídias sociais por fazer alusão às eleições. Como você estende essa decisão?

O fato da gente não ter um mandato e estar no caminho certo para que isso aconteça incomoda muita gente, principalmente a classe política. A classe política é fechada e tem uma resistência muito grande. Dificilmente aceita alguém que nunca se elegeu. Estou passando por isso. O Partido do Abraham Weintraub, pré-candidato a governador de São Paulo, ele entrou na Justiça pedindo uma liminar para que fossem retirados 13 vídeos que eu falava sobre o Tarcísio. Uma das nossas postagens tinha a hashtag “Molina estadual e Tarcísio governador”. O juiz teve uma decisão extremamente coerente e falou para tirar a hashtag e os vídeos continuaram. O que está errado é essa ousadia. E eu recebi meu segundo processo esta semana. O PSDB me processou. Entrou com uma liminar solicitando que o juiz retirasse o meu vídeo em que falo sobre as raízes, as obras que não estão andando. A justificativa é que o governador de São Paulo só tem três meses no cargo e não tem culpa dessas obras que não foram terminadas porque ele era, simplesmente, o vice-governador. Isso é uma coisa que transborda a nossa capacidade. Não é só o governador responsável e sim os 28 anos do partido governando São Paulo. O juiz não deu a liminar e o vídeo continua no ar. Nós estamos enfrentando político que não permite que a gente possa ocupar o nosso espaço. Uma das justificativas mais estranhas que já vi na vida. Tenho duas certezas: a resistência para entrar na Alesp e de que estamos no caminho certo. Receber dois processos de dois pré-candidatos a governador mostra que estamos apontando feridas e recebo de forma muito preparada confiando na Justiça.

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