Candidata a deputada federal pelo PSD, Valéria quer o combate da desigualdade social na região e no país
O programa “Sua Voz, Sua Vez, Seu Voto”, da Rede TODODIA, entrevistou e ouviu as propostas da candidata a deputada federal, a jornalista Valéria Monteiro (PSD), que possui trajetória política em Campinas e já chegou a ser pré-candidata à Presidência da República nas eleições de 2018. Ela defende a renda básica universal para melhorar a vida de moradores da RMC (Região Metropolitana de Campinas). Ela comentou que a desigualdade social é o grande problema da região e do Brasil. Confira a entrevista:
TODODIA: O que a motivou a ser candidata a deputada federal?
VALÉRIA MONTEIRO: A gente pode criticar o colega, mas isso não faz diferença. No final das contas, a caneta e as decisões são tomadas em Brasília. Eu morei nos Estados Unidos por nove anos e voltei ao Brasil depois do atentado das torres gêmeas. Acho que tenho muito a contribuir com o que aprendi fora. Quando eu cheguei aqui, eu notei uma diferença nos valores da sociedade brasileira que eram iguais aos que a minha vó me deu, valores de solidariedade, compaixão. Você trabalhar e conquistar seu espaço é valoroso. Você se corromper ou roubar não é valoroso. Eu acho que isso foi se deteriorando com o tempo e me chama atenção desde que voltei ao Brasil em 2002. Aos poucos fui me convencendo de que era importante entrar e fazer política mesmo.
Quais são suas ideias e propostas?
Tenho um tema básico que é a renda básica universal. Essa renda básica universal daria dignidade a todas as pessoas. Ela é universal porque as pessoas mais pobres teriam, a partir de 32 anos. De acordo com estudo que fizemos e deve ser reeditado, nós fizemos em 2018, na ‘Caravana da Coragem’, que percorreu 34 mil quilômetros pelo Brasil com meu carro e meu dinheiro, a gente percebeu e começou a trabalhar com essa pauta. A ideia era R$ 2 mil a partir de 32 anos para todo mundo. Isso eu acho que tem várias consequências positivas para várias áreas que não são somente a de pagar contas. A gente sabe, por experiências e por pesquisas, a renda básica universal dá às pessoas condição dos pais não ficarem preocupados em só pagar os boletos, mas terem a atenção devida para acompanhar, por exemplo, os filhos nas atividades escolares. Isso faz com que a criança tenha mais condições de chegar ao ápice da performance como estudante. Tem a possibilidade de tirar as mulheres de ambientes de violência doméstica. A educação é muito importante porque ela é a ferramenta principal para criar condições de mobilidade social. A desigualdade é o pior problema da sociedade brasileira hoje. Precisamos combater a desigualdade e ela conta com essa ferramenta que é a educação. A gente tem de procurar desenvolver e ajustar a nossa educação para que nós possamos criar crianças, adolescentes e adultos, capazes de ter um pensamento e raciocínio crítico. Não só decorar lições.
Com relação ao tempo de período integral das escolas, como fortalecer isso caso seja eleita deputada federal?
Eu passei nove anos nos Estados Unidos e a minha filha frequentou uma escola em período integral, especialmente a partir do 4º ano. É essencial porque na escola de período integral você acopla o desenvolvimento em artes, em matérias como educação física, música, que são importantes para uma formação mais complexa de um ser humano. O que eu puder fazer para trazer verbas e colaborar para que isso aconteça nas escolas de Americana, Campinas e na Região Metropolitana de Campinas, eu farei porque considero muito importante. Não só para as crianças, mas também para as mães como eu, que criaram e criam seus filhos sozinhas, possam também ter uma carreira profissional se assim desejarem, porque uma das coisas mais difíceis que eu sentia quando morei nos Estados Unidos, não tinha mãe por perto e nem cuidadora. Outra coisa que a renda básica universal também pode é ajudar essas pessoas que cuidam de outras pessoas: às vezes uma avó, uma tia ou a própria mãe que trabalha muitas vezes só para pagar o cuidador para os filhos no período do dia. Que elas possam optar por ficar em casa nos primeiros anos de vida dos seus filhos e estabelecerem laços determinantes nas vidas dessas crianças.
A falta de UTIs pediátricas, principalmente na nossa região metropolitana, é um problema muito grande ainda. De que maneira contribuir para ampliar esses leitos e essas UTI?
Falta em Americana um hospital referência. É uma região tão rica de saúde. Você tem a Unicamp aqui perto, mas precisamos de um centro aqui. Os deputados têm emendas e posso trazer emendas e investimentos para que isso seja possível, a construção de um hospital referência aqui. Não só o hospital, mas os próprios médicos. Uma ajuda para que os médicos e enfermeiros, profissionais da área da saúde possam ser formados e terem um destino na própria cidade.
Qual a principal necessidade que você identificou para a Região Metropolitana de Campinas e, estando em Brasília, gostaria de lutar?
Em termos gerais, eu acho que o nosso principal tema é o combate à desigualdade. Enquanto a gente não entender isso, nós não poderemos avançar nem como civilização e nem economicamente. Eu acho que nós refletimos na nossa região não uma imagem do Brasil. Nossa região é muito privilegiada, mas eu acho que nós podemos melhorar ainda mais e dar um exemplo muito grande ao Brasil de como isso pode ser feito. Eu vejo um aumento enorme de pessoas na rua que não têm o que comer. Eu vejo a fome na rua. Vejo o problema que a gente tem com o crack, um problema de saúde pública e também um problema de desigualdade. Eu não tenho dúvidas que o principal problema a ser combatido é a desigualdade aqui na nossa região e em todo o Brasil.
De que maneira apoiar o microempreendedor, principalmente nessa fase pós-pandemia?
A gente fala muito de empreendedorismo e a gente viu nessa pandemia que as pessoas foram obrigadas a serem empreendedoras porque perderam seus empregos, seus negócios e daí tinham de pensar em outro empreendimento para o qual elas poderiam não estar preparadas. Eu acho que o preparo do Sebrae fez muito bem isso. Ajudar a preparar as pessoas é muito necessário porque, inclusive, a gente está passando por um ajuste de economia para ‘economia 4.0’. Mas muita gente não está qualificada para ela. E quando a gente fala de qualificação para essa economia, não necessariamente você não tem que qualificar as pessoas para serem astronautas. É para saberem como usar a internet, o computador ou um equipamento com o qual elas muitas vezes não estão familiarizadas. É muito importante que a gente tenha escolas e projetos que deem amparo para essas pessoas, tanto as que querem crescer o seu negócio, o seu pequeno negócio, e também como aqueles que estão saindo da relação empregatícia para criarem o seu próprio negócio, que não é fácil no Brasil, que precisa ser desburocratizado e facilitado.
Como tornar o Estado mais eficiente no combate à violência contra a mulher?
Esse é um assunto muito delicado, mas eu acho que parte dessa resposta também está na educação, na educação dos homens e das mulheres também, mas que na educação dos homens é premente e urgente porque nós temos aí uma geração inteira que tem se sentido justificada com a atuação do nosso presidente e com as falas misóginas dele. Tem de entender que nós não estamos mais nesse momento em que nós mulheres estamos dispostas a aceitar. Já passou o momento da aceitação. Agora é o momento de os homens aceitarem que as condições mudaram e que a relação entre as pessoas deve ser de respeito mútuo. Hoje a comunicação é muito rápida e nós vemos que mulheres do mundo inteiro sofrem de assédio constante no trabalho, fora dele, em casa, abusos não só sexuais, mas também morais, físicos. Isso não vai mudar se a gente não chegar a uma conscientização da sociedade, antes que a gente tenha de aplicar a Lei Maria da Penha, antes dessa mulher ser machucada e ser violentada e morta. Então, é importante a mudança de paradigmas e de comportamento da nossa sociedade.