quinta-feira, 28 novembro 2024

Douglas Souza detalha caso de homofobia na Europa: ‘Passei 15 horas em aeroporto’

Jogador da seleção brasileira de vôlei, que é de Santa Bárbara d´Oeste, enfrentou preconceito na Holanda  

Douglas Souza diz que foi vítima de homofobia no aeroporto de Amsterdã – Reprodução/Twitter

Douglas Souza, da seleção brasileira de vôlei, detalhou a situação que passou no aeroporto, em Amsterdã. Acompanhado de Gabriel, seu namorado, o atleta acredita que foi vítima de homofobia e classificou o ocorrido como constrangedor em uma sequência de vídeos publicados no Instagram.

“Foi uma situação estranha, difícil, a gente se sente fragilizado. Se a gente se exaltasse com a polícia, a gente poderia ter mais problemas. Acabou que passei 15 horas no aeroporto, e era para ter sido umas três, no máximo. Não achei normal. Eu sei o que eu vivi. Foi muito constrangedor”, disse ele.

Ainda no desabafo, Douglas, que é de Santa Bárbara d´Oeste, explicou como tudo aconteceu. Segundo ele, o trâmite que duraria cerca de três horas, teve uma duração de 15 horas, o que tornou a viagem bem mais longa do que o esperado.

“No controle de passaporte perguntaram o que eu faria na Itália, eu disse que seria jogador de vôlei e o Gabriel era meu namorado. Logo, a fisionomia dele mudou na hora e o tratamento também. Ele perguntou o que ele faria lá, eu mostrei o documento de união estável, eu disse que ele iria me acompanhar e trabalhar”, começou por dizer ele, que completou:

“Depois de 5, 6 horas me chamaram para uma entrevista em uma salinha para saber o que eu iria fazer lá. Aí bateram na tecla do Gabriel, e eu falava que era meu namorado, e eles não entendiam esse tempo, insistiam no companheiro e não queriam deixar ele passar de jeito nenhum.”

Por fim, Douglas disse que tanto seu empresário, quanto seu novo clube Vibo Valentia ajudaram a normalizar a situação e autorizar a entrada dele e Gabriel no país europeu. “Aconteceu, passou, meu clube não tem nada a ver. Eles ajudaram, meu empresário, também. Eu espero que ninguém passe por isso, sei que infelizmente vai passar e a gente tem que passar por isso”, finalizou.

Confira o desabafo na integra:

“Consegui internet só agora, foram longos dias de viagem, eu saí do Brasil segunda-feira a noite e cheguei na quarta-feira a tarde. Era para eu ter chegado na terça-feira. Era para ter sido uma viagem bem mais tranquila do que foi.

Vou contar um pouco do que aconteceu. Não quero entrar em detalhes, não quero carregar essa energia, estou em começo de temporada e precisa dar tudo certo, não quero ficar pensando nisso.

Basicamente, a gente pegou um voo de São Paulo para Amsterdã e passamos pelo controle de passaporte para ir para Roma e depois pegar outro voo para Vibo. Até então estava tudo normal.

No controle de passaporte perguntaram o que eu faria na Itália, eu disse que seria jogador de vôlei e o Gabriel era meu namorado. Logo, a fisionomia dele mudou na hora e o tratamento também. Ele perguntou o que ele faria lá, eu mostrei o documento de união estável, eu disse que ele iria me acompanhar e trabalhar.

Chamaram um cara no telefone, levaram a gente para um outro lugar onde tinha mais umas 20 pessoas, largaram a gente lá por 5 horas, mais ou menos. Não se tinha explicação, eu tentei ajudar de alguma forma. Eles ligaram para o clube, liberaram e deu tudo certo. Eles não quiseram nem me escutar.

Depois de 5, 6 horas me chamaram para uma entrevista em uma salinha para saber o que eu iria fazer lá. Aí bateram na tecla do Gabriel, e eu falava que era meu namorado, e eles não entendiam esse tempo, insistiam no companheiro e não queriam deixar ele passar de jeito nenhum.

Logo, perguntaram se o clube sabia da situação com ele. Aí me liberaram por mais algumas horinhas e eu comecei a perceber um certo padrão no tratamento deles. Fomos colocados com mais 20 pessoas, 18 eram pretas, ou latinas e nós dois. Uma das pessoas se revoltou muito com a situação.

Ficamos literalmente o dia inteiro esperando, quando deu umas 11h da noite, que não tinha mais voo, o aeroporto estava fechado, eles liberaram a gente. Dormimos no aeroporto e passamos pelo controle de passaporte, ficamos literalmente jogados no chão até o próximo voo para Roma.

Foi uma situação estranha, difícil, a gente se sente fragilizado. Se a gente se exaltasse com a polícia, a gente poderia ter mais problemas. Acabou que passei 15 horas no aeroporto, e era para ter sido umas três, no máximo.

Não achei normal, acontece em todas as partes do mundo, aí falam que Amsterdã é super liberal, mas não é assim. Eu sei o que eu vivi. Foi muito constrangedor. É importante mostrar que existe esse tipo de situação.

Aconteceu, passou, meu clube não tem nada a ver. Eles ajudaram, meu empresário, também. Eu espero que ninguém passe por isso, sei que infelizmente vai passar e a gente tem que passar por isso.”

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