De acordo com o COB (Comitê Olímpico do Brasil), o acidente aconteceu perto de Obervintl, na Itália
A esquiadora Bruna Moura, 27, convocada para representar o Brasil nos Jogos de Inverno de Pequim-2022 na modalidade cross-country, sofreu fraturas em um acidente de carro e não poderá participar da competição.
De acordo com o COB (Comitê Olímpico do Brasil), o acidente aconteceu perto de Obervintl, na Itália. A atleta seguia para a Alemanha, após um período de treinos na Áustria, e esperava embarcar daqui a poucos dias para a China. A cerimônia de abertura dos Jogos será em 4 de fevereiro.
“Bruna sofreu fraturas na ulna (osso do antebraço) e nos pés e se encontra hospitalizada. O COB e a Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) estão prestando todo o suporte à atleta”, afirmou o comitê em nota. “Eu estava sentada no banco de trás e com o cinto de segurança. Os médicos falaram que foi isso o que me salvou. Eu não vou para as Olimpíadas de Inverno desta vez, mas eu estou viva”, disse a atleta à Globo.
O motorista contratado que a conduzia morreu no acidente, segundo informações da imprensa italiana, e a atleta foi transportada de helicóptero para o hospital.
A sua participação nas Olimpíadas estava em dúvida desde a semana passada. No dia 17, quando soube da convocação para Pequim, Bruna também recebeu o diagnóstico de Covid-19 e entrou em quarentena na Áustria. A expectativa era que a esquiadora se recuperasse até o fim desta semana e pudesse viajar à China no dia 1º.
Ela será substituída por Eduarda Ribeira, terceira colocada entre as atletas que disputaram as duas vagas do Brasil. Duda, 17, deverá embarcar para a China nesta sexta (28) e competir ao lado de Jaqueline Mourão, 46. A veterana, que foi mentora de Bruna tanto no ciclismo mountain bike como no esqui, participará de sua oitava edição de Jogos Olímpicos, a quinta de inverno.
Natural de Caraguatatuba (litoral de São Paulo), Bruna começou a pedalar num projeto capitaneado por Jaqueline quando tinha por volta de 15 anos e foi considerada uma jovem promissora. Em 2011, porém, ela recebeu o diagnóstico de comunicação interatrial, uma condição cardíaca congênita que a obrigou a se afastar das práticas esportivas.
“Depois que eu tive o diagnóstico, entrei em depressão. Eu não conseguia olhar ciclistas treinando na rua, eu virava a cara. O médico me falar que eu não podia praticar esporte porque poderia ter uma morte súbita tirou o meu chão”, relatou a atleta ao Olympics.com.
A condição cardíaca demandava uma cirurgia de altíssimo custo, mas Jaqueline conseguiu que a operação fosse feita de graça num programa de pesquisa hospitalar em São Paulo. Quando a jovem foi autorizada a voltar para o esporte, recomeçou pelo rollerski (esqui com rodas), alternativa para os meses sem neve apresentada a ela também por Jaqueline. Depois foi convidada pela CBDN para entrar no esqui cross-country e desde então evoluiu na modalidade de inverno. Atualmente, ela vive na Holanda.
Neste ciclo olímpico, pupila e mentora conseguiram somar pontos para que o Brasil tivesse duas representantes nos Jogos. Elas esperavam realizar juntas o sonho de competir na prova de duplas, algo inédito para o Brasil, como já haviam feito no último Campeonato Mundial.
“Foi uma emoção muito grande na chegada, nós nos abraçamos. As pessoas achavam até que a gente tinha ganhado a prova, mas não estavam entendendo quanto a gente ganhou nesse dia. As nossas experiências são sempre explosivas e estão sendo ainda hoje”, relembrou Jaqueline à Folha na semana passada.
“A Bruna é uma bola de energia. Desde o primeiro dia em que eu a vi, é uma menina muito dedicada, centrada e batalhadora”, completou.