Devolver à comunidade tudo aquilo que um dia recebeu dela. Essa tem sido a missão atual de Diego Jussani, jogador de futebol nascido e criado no Cidade Jardim, em Americana. Sem contrato com nenhum clube no momento, ele tem dedicado seu tempo à preparação física e técnica de atletas das categorias de base do time do bairro.
Após passagem pelo Rio Branco na última Copa Paulista, o zagueiro disputou o Campeonato Amador de Americana, o Gigantão, pela equipe do Cidade Jardim, e foi campeão no início deste mês.
Formação de novos talentos
Agora, Jussani realiza um trabalho voltado às crianças e adolescentes. Ele não é o treinador das equipes de base, mas desenvolve uma atividade complementar para ajudar os garotos a aprimorar os fundamentos do esporte. Do sub-11 ao sub-15, os participantes comparecem aos treinos de forma espontânea e gratuita. “Eu só estou tentando passar um pouco da experiência que eu tive na minha carreira. É uma coisa que eu não tive na minha infância porque eu fui nascido e criado nesse campo, e na época tinham jogadores que acabaram só passando por aqui, dando uma palavra, mas não tiveram o tempo hábil para nos ensinar alguma coisa da vida profissional”, relatou Jussani.
No aspecto esportivo, o objetivo do projeto é desenvolver talentos. Os adolescentes aprendem fundamentos como o passe, a movimentação em campo e os gestos técnicos, além de compreenderem a importância de se dedicar para alcançar o sonho de ser jogador.
Ensinamentos além do campo
Além do esporte e do sonho de ser jogador, o projeto no bairro Cidade Jardim busca formar mais do que atletas — formar cidadãos conscientes, que lutem pelos próprios objetivos, seja qual for o caminho escolhido.
“O futebol nos ensina muita regra, e a regra nos ensina a andar na vida […] daqui pode sair um Neymar da vida, pode sair um jogador, um astro do futebol mundial, mas pode sair jornalista, médico, cientista, pode ser o que for, mas que eles possam pelo menos aprender um pouquinho do que a gente vivenciou na carreira de futebol”, disse.
Esse é também o propósito central do projeto do Cidade Jardim, que há uma década tem Almir dos Santos, o Sr. Mi, como líder nas ações com crianças e adolescentes. A partir dos oito anos, os jovens podem participar e tentar uma vaga no time. Para fazer parte, Sr. Mi reforça que é preciso cumprir regras. “Quem tem nota baixa, reclamação da escola, a gente afasta um pouquinho para melhorar na escola e depois vir para o projeto”, afirmou.
Projeto do jogador envolve adultos e idosos
Durante a pausa na carreira, Jussani também tem realizado treinos para adultos e idosos, principalmente no período da manhã e da noite. As atividades incluem treinamento funcional, exercícios de movimentação e fundamentos de futebol voltados a atletas amadores. Tudo acontece na estrutura do clube Cidade Jardim.
O espaço passou ainda a receber aulas de vôlei com o professor Gabriel Malagutti, ampliando o alcance do projeto e envolvendo mais pessoas da comunidade.
Momento de decisão sobre o futuro
Com anos de experiência no futebol, Diego Jussani iniciou a carreira profissional em 2006, no Amparo. Ao longo dos anos, acumulou passagens por clubes como Ponte Preta, Guarani, Fortaleza, América-MG e Vila Nova, tendo o Brasileirão Série B de 2018 como o principal título da carreira, conquistado com o Fortaleza.
Esta nova fase poderia indicar um ponto final na trajetória dentro de campo, mas o zagueiro garante que a carreira de jogador profissional ainda não terminou. “Prioridade é a família, quis ficar perto das crianças, quis ficar perto da esposa. Apareceram situações, propostas que não me agregaram psicologicamente, principalmente. Ficar longe da minha família, que é a prioridade que eu tenho hoje, e eu ia acabar indo sozinho, então eu preferi dar uma pausa na carreira agora”, contou o jogador, que ainda aguarda novas propostas.
Curso da CBF é objetivo para 2026
Engajado no projeto de preparação com adolescentes, adultos e idosos — e ciente de que está mais próximo do fim do que do início da carreira — Jussani já planeja o futuro após pendurar as chuteiras.
O atleta afirma que não pensava em ser treinador, mas esse contato direto com a base tem mudado seu pensamento. “Sempre falei que eu seria gestor ou ficaria no ar condicionado, mas Deus coloca caminhos na nossa vida que a gente nem imagina e isso está mudando totalmente a minha cabeça”, revelou.
Ainda em atividade como jogador, ele pretende fazer o curso de treinador da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e conhecer outras funções no futebol, com o objetivo de construir uma nova carreira na área esportiva.
