Na quarta-feira (27), uma loja de móveis com diversas unidades no País e bastante renomada colocou os assentos à venda na internet
A venda de cadeiras de arquibancadas do estádio do Pacaembu, em São Paulo, recebeu críticas de historiadores e arquitetos. Na quarta-feira (27), uma loja de móveis com diversas unidades no País e bastante renomada colocou os assentos à venda na internet por valores que variam de R$ 1.499 a R$ 1.799
De acordo com a empresa, 673 cadeiras das arquibancadas laranja e manga (amarela) do estádio foram doadas pela concessionária Allegra Pacaembu, que em 2019 venceu o edital de concessão do estádio e é a atual administradora do espaço.
Segundo o Estado, as intervenções nas arquibancadas foram autorizadas previamente pelo Condephaat.
A Allegra afirma que o lucro das vendas será destinado à fundação Gol de Letra, organização sem fins lucrativos que desenvolve projetos para crianças e jovens de comunidades.
O estádio é tombado pelo Conpresp e pelo Condephaat, conselhos responsáveis pela preservação do patrimônio histórico no município e no estado, respectivamente.
O historiador Flávio de Campos, coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Futebol e Modalidades Lúdicas, da USP, critica a iniciativa.
“Colocar as cadeiras do Pacaembu à venda no mercado é um escárnio, é um processo de exclusão da população. No Pacaembu jogaram Leônidas da Silva, Pelé, Garrincha, Rivelino, a história do futebol brasileiro passa por aquele espaço e por muitas dessas cadeiras, que estão sendo arrematadas em uma loja de móveis”, diz Campos.
Integrante do Conselho Participativo Municipal da Sé e pesquisadora da USP, a arquiteta e urbanista Stela Da Dalt diz ter ficado “estarrecida” com a venda das cadeiras.
“É a apropriação privada de um bem público. Dizem que o lucro vai para uma ONG, dão um verniz social e assim afugentam as críticas. Mas é uma entidade privada, e todos os itens do Pacaembu foram pagos com dinheiro público. De quanto será o lucro, quem vai olhar para isso?”, questiona.
“É a apropriação privada de um bem público. Dizem que o lucro vai para uma ONG, dão um verniz social e assim afugentam as críticas. Mas é uma entidade privada, e todos os itens do Pacaembu foram pagos com dinheiro público. De quanto será o lucro, quem vai olhar para isso?”, questiona.