sexta-feira, 26 abril 2024

Déficit na Polícia é o maior do Estado

Responsável pela apuração de crimes em nove cidades da região – entre elas Americana, Santa Bárbara, Nova Odessa, Sumaré e Hortolândia – a Delegacia Seccional de Americana trabalha com um déficit de recursos humanos de quase 50%.

Segundo a lei, o quadro de servidores da Polícia Civil na Seccional deveria ter hoje 548 delegados, investigadores, escrivães e outros profissionais, mas tem apenas 272 (uma defasagem de 49,63%). O índice é bem maior que a média de defasagem todo o Estado, que fica em 34%.

Presidente do Sindicato

Os números, referentes a dezembro de 2018, foram divulgados ontem pelo Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), que desde maio está visitando todas as regiões de São Paulo para mapear as condições de trabalho dos policiais e exigir melhorias por parte do governo tucano. 

“Não podemos mais continuar trabalhando nessas condições. O governador precisa agir rápido para repor os quadros. A Polícia Civil está adoecendo, os policiais estão prejudicando a própria saúde para não deixar a população desassistida”, afirma a presidente do sindicato, Raquel Kobashi Gallinati. 

A Seccional de Americana abrange, além da própria cidade, também os municípios de Santa Bárbara, Nova Odessa, Sumaré, Hortolândia, Artur Nogueira, Cosmópolis, Engenheiro Coelho e Monte Mor. 

Já nas 52 cidades abrangidas pelo Deinter-9 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), sediado em Piracicaba e que responde por toda a região, inclusive cobrindo a Seccional de Americana, a falta de policiais civis é de 45%. 

Enquanto o departamento 9 deveria ter 1.897 profissionais para prestar um serviço adequado à população dessa região, há 853 policiais a menos, segundo o sindicato. É o Deinter com maior déficit em todo o Estado de São Paulo, ainda de acordo com a entidade. 

A defasagem de cada região é calculada levando em consideração o número de policiais previstos em lei e o número de cargos ocupados. 

CAUSA E EFEITO 

Os reflexos desse sucateamento, segundo o sindicato, são sobrecarga de trabalho, acúmulo de funções e trabalho em escala de sobreaviso durante todo o mês, sem descanso. 

Na próxima segunda-feira, a presidente do Sindpesp visita Piracicaba para ouvir dos policiais mais detalhes do impacto desse déficit nas condições de trabalho e no atendimento à população. “Um policial civil, por exemplo, é obrigado a cumprir a função de quatro ou cinco. Desta forma, normas do direito internacional do trabalho são frontalmente desrespeitadas, pois não se permite ao profissional o direito ao descanso. Ele fica 24 horas de sobreaviso o mês inteiro”, reclama a presidente. 

Como os dados para o cálculo são fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública e se referem ao número de policiais em atividade até dezembro de 2018, o sindicato acredita que o deficit pode ser ainda maior, já que não estão contabilizadas as baixas provocadas por aposentadorias e exonerações que aconteceram desde 1º de janeiro deste ano até o momento. 

Além do deficit de funcionários, outro problema enfrentado pela polícia são os baixos salários, as deficiências na estrutura e a falta de equipamentos básicos de segurança, como o colete à prova de balas. 

“Uma das promessas de campanha do governador era que a polícia paulista teria os melhores salários do Brasil até o final do seu mandato. Já se passaram seis meses e até o momento ele não definiu um índice, nem afirmou quando esse reajuste será aplicado”, completa Raquel. 

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