sábado, 18 maio 2024

A contabilidade divina

Por Ailton Gonçalves Dias Filho, pastor presbiteriano
Por
Ailton Gonçalves Dias Filho
Foto: Arquivo Pessoal

Lembro-me de ter ouvido do poeta, pastor e escritor Rubem Alves a interpretação que que Reinhold Niebuhr fez da parábola do “filho pródigo”. Era um evento em uma Universidade em Campinas, no lançamento de um livro do professor Ronaldo Cavalcante. Dada a palavra ao Rubem e ele contou a interpretação da parábola. Desde então, tenho repetido esta interpretação.

Creio que os leitores conhecem a história. Certo homem tinha dois filhos. Um deles resolve sair de casa. Recebe sua herança e vai para o exterior. Gasta seu dinheiro. Os amigos desaparecem. Ele começa a passar necessidades e percebe o erro que cometeu. Resolve voltar para casa. Assumir seu erro e pedir perdão. O pai o recebe de braços abertos. Decreta ponto facultativo na fazenda e começa a festa. Chega o irmão que não tinha saído de casa. Pergunta o que está acontecendo e fica aborrecido ao saber da atitude perdoadora do pai.

Na interpretação de Reinhold Niebuhr, relatada por Rubem Alves, o pai desta parábola representa a pessoa de Deus. Os dois filhos somos todos nós. Um deles, arrependido, volta para casa dizendo que está em débito. Deus o perdoa. Deus não anota débitos. Não temos nenhum débito com Deus. Tínhamos. Não temos mais. Eles foram quitados. Esta é a aplicação da parábola em relação ao filho que saiu de casa. Deus não anota débitos.

O segundo filho, perdido dentro de casa, fica irritado pelo perdão do pai em relação ao filho que saiu de casa. Ele cobra o pai. Sempre serviu ao pai e nunca teve uma festa. O pai tenta conciliá-lo, dizendo que tudo pertencia a ele, filho. O filho está cobrando créditos. Mas, o mesmo Deus que não anota débitos, também não anota créditos. Deus não anota créditos. Nós não temos nenhum débito com Deus. Foram pagos na cruz. Mas, também, não temos nenhum crédito com Deus. O crédito é todo do Senhor Jesus Cristo. O crédito é da cruz.

Desde então, sempre que leio a parábola destes dois filhos perdidos, me recordo de Rubem Alves e de suas palavras citando Reinhold Niebuhr, lembrando que na contabilidade Divina, Ele não anota nem débitos e nem créditos.

É isso!

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também