sábado, 23 novembro 2024

A estagnação mental

Por Engenheiro João Ulysses Laudissi
Por
João Ulysses Laudissi
Foto: Arquivo pessoal

“A água que não corre forma um pântano; a mente que não trabalha forma um tolo”. (Victor Hugo)

As pessoas que possuem uma mente preguiçosa não apresentam nexo no que dizem, na forma de pensar e principalmente na forma de agir.
No império da mente não fluída de pensamentos predomina a estagnação mental que faz com que a pessoa passe a aceitar passivamente o que as outras lhe impõe, levando-a a não questionar o porquê das coisas serem como são, provocando, com isto, a interrupção da fluidez do intelecto humano sobre a realidade.

Ao pesquisar no universo literário algo que tangenciasse ao título deste texto, as ideias do romancista, poeta e dramaturgo francês Victor Hugo (1802-1885) chamou a atenção do autor deste texto. Hugo não aceitava o discurso socialista e acreditava que uma sociedade aberta encontraria soluções para os seus problemas, além de ter sido um crítico das misérias sociais sem se alinhar com a luta de classes.

Aprofundando no pensamento desse romancista, consegue-se atentar um pouco mais na sua filosofia política. Uma de suas grandes obras, os Miseráveis, Victor Hugo, narra a história de um homem que se fez por seus próprios méritos ao fugir da prisão conseguir reconstruir sua vida através do trabalho. Monta uma empresa, através da qual faz com que a região do seu empreendimento prospere; além disso, usa parte significativa da sua fortuna em obras de caridade para ajudar os pobres e necessitados, mas suas obras virtuosas são interrompidas quando o Estado decide interferir arbitrariamente nas atividades privadas da sociedade civil.

Com essa história – “os Miseráveis” – Victor Hugo descortina o seu viés político de crença em um mundo onde existe a cooperação e a ausência da luta entre as classes; onde o empreendedor passa a desempenhar uma função essencialmente benéfica para todos; onde o trabalho é a via principal do progresso pessoal e social; onde a intervenção do Estado, por motivos moralistas ou ideológico, é um dos principais riscos para o bem de todos.

Disto se conclui que, Victor Hugo, se opunha a qualquer tipo de violência aplicada contra um poder democrático legitimamente constituído, mas também de que era alinhado a combater as ações que levassem à destituição ilegítima do mesmo. Isto pode ser percebido em suas manifestações quando dizia que aceitava as grandes necessidades condicionadas a confirmação e o respeito aos princípios.

Mas voltando aos nossos dias em que há um discurso de viés socialista reverberando na sociedade, que se Victor Hugo fosse vivo talvez não estaria aceitando tanto quanto o autor deste texto não aceita, por defender que uma sociedade aberta é a melhor forma de encontrar soluções para os seus problemas e de que as políticas de redistribuição de riquezas não incentivam a produção, fazendo com que toda a sociedade caminhe para trás e não venha a resolver os problemas da distribuição de renda, além de ampliar a destruição da produtividade, uma vez que a repartição em partes iguais mata a ambição e, por tabela, o trabalho fazendo, como diria Hugo: “É uma distribuição de açougueiros, que mata aquilo que reparte.”

Isto posto, as excessivas garantias e o relativo excesso de direitos sobre os deveres tornam-se um terreno fértil para que as pessoas mantenham suas mentes preguiçosas e desinteressadas no agir e nesta situação cultivam a predominância da estagnação mental que faz com que passem a aceitar passivamente o que os outros lhe impõe sem questionar a realidade e o porque das coisas serem como são, levando a interrupção da fluidez dos seus intelectos sobre a realidade, que acaba deixando de dinamizar o questionamento das coisas serem como são.

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