domingo, 24 novembro 2024

O radicalismo dos malditos

Por Mario Eugenio Saturno 

Em geral, uma guerra não tem vencedor, mas quem perde menos. E mesmo em guerras de conquista, como a que vemos na Ucrânia. Igualmente, acontece para disputas internas, quando o adversário é encarado como inimigo a ser destruído, todos perdem… E muito! Não precisa ser astuto para perceber isso, mas o radicalismo combina com a estultícia.

O pior radicalismo político é o religioso, sempre é bom desconfiar de quem fala em Deus, o ser humano mau travestido de bom é sempre o pior. E foi o próprio Jesus quem mostrou que o recitador de Bíblia (o fariseu em Lucas 18,9-14) é mau, enquanto que o pecador arrependido é bom.

Jamais esqueço as palavras de Jeremias (17,5): eis o que diz o Senhor: maldito o homem que confia em outro homem! Eu acrescentaria: malditíssimo o homem que confia em político. Mas o Salmo (145,3) vem em meu socorro: não coloqueis nos poderosos a vossa confiança, são apenas homens nos quais não há salvação.

E o próprio Jesus diz o destino desses que se dizem anunciadores, mas causam grande decepção por seus escandalosos bezerros de ouro (Mateus 18,7): ai do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai do homem que os causa!

O radicalismo político estimula ainda mais radicalismo, em uma espiral cujo fim conhecemos, basta ver a história do Brasil e de outros países. A História sempre se repete. Vimos a Dilma pavimentar o caminho da extrema direita ao poder. Agora, Bolsonaro pavimenta o caminho de Lula de volta ao poder, e quando mais radical age, mais consensual (nos dois sentidos) fica a escolha de Lula.

A diferença é que Lula não é um idiota com complexo messiânico, Lula é o político mais inteligente na disputa e o radicalismo o beneficia muito, para se eleger e, depois, para governar com mão pesada.

A solução, muito difícil de acontecer, é trocar a paixão cega pela “Pátria” por um amor racional, decisivo, produtivo. Difícil porque ninguém quer ouvir, pois o apoio deveria ser destinado a candidatos fora do radicalismo, como Moro (?), Ciro e Dória ou, ainda, a Tebet. É impressionante que sejam poucos os políticos experientes que enxergam essa situação…

E o que temos visto é o radicalismo escalando a ponto de um juiz proibir manifestações políticas no Lollapalooza. Eu fico horrorizado toda vez que um juiz extrapola os direitos individuais de manifestação. Existe uma lei eleitoral que estabelece limites para políticos ou candidatos a políticos, eu até acredito que seja uma lei inconstitucional, mas a manifestação de cidadãos contra governantes é constitucional e nem precisa ser advogado para entender isso.

É lamentável ver que no Congresso exista uma Bancada da Bala, outra da Bíblia (muitos são pastores da prosperidade – não deveriam servir a dois senhores), Rural (que deveria chamar-se do Agrotóxico), do aborto, da pena de morte… Cadê a Bancada da Ciência e Tecnologia? Pois é, a única que traz prosperidade, segurança, saúde, empregos especializados e bem pagos… Essa é a bancada que interessa a uma nação, estratégica, soteriológica, prioritária, consensual. E não é que chegou a hora de escolher novos parlamentares! 

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