Por Rogério Araújo
Depois de dois anos de pandemia, o brasileiro parecia ter motivos de sobra para começar a respirar aliviado. Esperança renovada pelo cenário epidemiológico mais favorável. Mas a trégua durou pouco. A aflição principal, agora, é com a saúde financeira. A crise econômica já ocupa o primeiro lugar no ranking das preocupações dos brasileiros, em todas as classes sociais. É o que revelam dados da pesquisa feita pelo Instituto Travessia.
O Banco Central parece compartilhar da mesma angústia. Acaba de sinalizar que pretende promover novos ajustes com receio de uma desaceleração em uma economia que resiste em alavancar. No dia a dia, os efeitos da escalada da inflação, dos juros altos e dos embates políticos se apresentam sem piedade aos brasileiros, em especial aos mais pobres, os mais afetados pelo desemprego e pela alta dos preços dos itens de primeira necessidade.
A preocupação com a economia não é única do Brasil e os outros países acumulam altos índices de inflação. O mundo está em alerta com suas maiores potências enfrentando um forte período de turbulência. Recuo da economia americana, guerra na Ucrânia e o lockdown mais rigoroso implantado na China parecem ameaçar a economia global. As medidas da política “covid zero” adotada pelo governo chinês para evitar novos casos da doença impactam diretamente todo o mundo. O isolamento mais rígido, que fechou fábricas, interrompeu produção e distribuição, interfere em toda cadeia de suprimentos. Quando a fábrica do mundo para há reflexos atinge a todos.
Para os investidores, mais do que nunca, é preciso cautela diante de tanto alvoroço. A escalada da inflação tende a ser comum ao redor do mundo a partir de 2023. Nos últimos, acompanhamos uma forte queda do bitcoin, maior criptomoeda do mercado. O valor de uma unidade do bitcoin chegou a atingir seu nível mais baixo desde julho de 2021. A queda acompanha o movimento percebido em todos os ativos considerados de risco.
Acompanhar a inflação e suas variações é estratégia fundamental para quem quer fazer investimentos inteligentes e evitar grandes perdas. O índice da inflação e o valor da moeda afetam diretamente o valor de determinadas operações. Mas há também o lado bom desta história. Tecnicamente, juros altos, volatilidade e muitas incertezas formam o cenário ideal para baratear a compra por operação.
Em um ambiente de altos e baixos, o recomendável é analisar cada ativo com calma. Verificar sua tendência, focar na diversificação, liquidez e projeções de lucro a longo prazo. São formas de proteção que, não necessariamente, significam um cenário ruim para os investidores atentos.