Por Luciana Louzada Farias
O aumento da expectativa de vida e da longevidade da nossa população já é uma realidade. Viver mais e poder envelhecer é uma conquista e um privilégio, mas traz a importância do cuidar para que possamos usufruir destes anos com saúde, independência e autonomia, com a máxima capacidade funcional e intelectual e melhor qualidade de vida possível.
A maneira como o processo de envelhecimento ocorrerá, bem como o risco de aparecimento de doenças e problemas de saúde ao longo da vida, é determinada pelas características genéticas de cada pessoa, em conjunto com seus hábitos de vida.
Os cuidados preventivos com a saúde e o estilo de vida de cada um – prática de atividade física, boa alimentação, bons hábitos e manejo de estresse – são muito importantes para um envelhecimento saudável. Com o passar do tempo, ocorrem alterações fisiológicas naturais no nosso corpo, decorrentes do processo normal de envelhecimento, o que chamamos de senescência. Algumas destas mudanças, se não cuidadas da maneira adequada, podem nos colocar numa situação de maior vulnerabilidade e risco para problemas de saúde. Um exemplo é a redução da massa muscular que, se não receber a atenção e o cuidado necessários, pode reduzir a força muscular e prejudicar a mobilidade.
Além da massa muscular, há também outras alterações na composição corporal (como redução da água e aumento da gordura) e na taxa de funcionamento de alguns órgãos, que podem interferir na ação e metabolização de medicações e aumentar a suscetibilidade aos efeitos colaterais, principalmente se houver uso de várias medicações.
É importante lembrar também que a saúde mental (cognitiva e emocional) exige tanto cuidado como saúde física. Sintomas depressivos são muito comuns e podem se manifestar de maneira diferente do jovem e comumente são negligenciados no cuidado, gerando piora da saúde e bem-estar, além de grande sofrimento. Além da depressão, podem ocorrer alterações cognitivas que variam desde esquecimentos simples e naturais até determinadas doenças, como síndromes demenciais, por exemplo. Em uma eventual situação de maior dependência de cuidados, seja por problemas físicos ou cognitivos, com a necessidade de auxílio de terceiros no dia a dia, o idoso pode se encontrar em uma situação de maior vulnerabilidade e risco de exposição a algum tipo de violência. Nem sempre essa violência é física, através de agressões, podendo ser de caráter verbal, psicológico, emocional, discriminativo, financeiro ou de negligência.
Nesse contexto complexo, individual e heterogêneo do envelhecimento, é necessária uma atenção global à saúde e um cuidado integral da pessoa como um todo, nas suas particularidades e condições, não apenas físicas, mas também emocionais, cognitivas, intelectuais e sociais. Esse cuidado integral da saúde é único e tem como objetivo promover orientações, ações e intervenções.