domingo, 28 abril 2024

Cigarro mata 443 brasileiros todos os dias

Por Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
Por
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves
Foto: Reprodução

O tabagismo (vício de fumar) mata 8 milhões de pessoas por ano ao redor do mundo, revela a OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil, 443 pessoas morrem a cada dia por causa do tabagismo. Esse número chega a mais de 200 mil mortes por ano. Além de interromper vidas e causar dependência em grande parte dos casos, o tabagismo provoca um grande rombo no orçamento da saúde pública. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), os custos dos danos causados pelo cigarro no sistema de saúde e na economia do país chegam a R$ 125.148 bilhões por ano. A letalidade do tabaco – considerando sua perenidade (200 mil mortos por ano) – é infinitamente maior do que a da Covid-19 que, apesar de todo o alarde e preocupação causados, matou 705 mil brasileiros em três anos, mas já reduziu sua incidência.

“Durante o consumo do tabaco, mais de 4.700 substâncias tóxicas são liberadas, incluindo a nicotina, o monóxido de carbono (o mesmo gás venenoso emitido pelos escapamentos de automóveis) e o alcatrão, composto por aproximadamente 50 substâncias pré-cancerígenas. A nicotina é viciante, causando dependência”, explica o médico e gerente de Atenção Primária e Cuidados Complementares da Fundação São Francisco Xavier, Nicolas Carvalho.

As drogas consideradas “leves” presentes nos produtos de tabaco são uma verdadeira bomba química. O consumo do tabaco causa mais de 50 doenças e é um fator de risco para diversos tipos de câncer. Ele está associado a 30% das mortes por essa doença, sendo que mais de 90% delas são relacionadas ao câncer de pulmão, 25% dos casos de infarto agudo do miocárdio e quase metade dos derrames cerebrais.

Além de ser o maior inimigo dos pulmões, o tabagismo tem um grande impacto na saúde cardiovascular. Essas doenças estão entre as principais causas de morte no mundo, com cerca de 17,7 milhões de pessoas morrendo por essas doenças todos os anos. No Brasil, as doenças cardiovasculares são responsáveis por quase 30% de todos os óbitos registrados anualmente no país, muitas vezes ocorrendo em pessoas em idade reprodutiva, entre 35 e 64 anos.

Segundo o médico, o tabagismo aumenta o risco de doenças cardiovasculares, pois causa a formação de placas de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, eleva a pressão arterial e a frequência cardíaca, leva à resistência à insulina e ao diabetes, além de causar inflamação e trombose. Além disso, quando se inala o monóxido de carbono, ocorre a redução da quantidade de oxigênio que é transportado pela corrente sanguínea.

“Engana-se quem associa o tabagismo apenas ao cigarro industrializado. Os derivados do tabaco também estão presentes em outras formas de consumo, como charutos, cachimbos, narguilés e até dispositivos eletrônicos, que têm ganhado cada vez mais adeptos, principalmente entre os jovens”, alerta Nicolas Carvalho.

A luta contra o tabagismo é responsabilidade de todos: governos, comunidade científica e sociedade. “É necessário realizar mais campanhas de conscientização sobre os malefícios do tabaco e enfatizar a melhoria na qualidade de vida que os ex-fumantes experimentam ao abandonar o vício”, conclui.

Durante décadas, tem-se observado e participado de campanhas anti-tabagismo que começam nas escolas e se estendem por toda a sociedade. Na última década, o consumo de cigarros caiu 40% em nosso país, mas ainda é alto. No entanto, a pandemia da Covid-19 e a polarização política têm desviado a atenção do combate ao fumo. As autoridades de saúde, educação e outras áreas relacionadas precisam retomar as ações para convencer as pessoas a não fumar e a viver mais e melhor.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também