
A educação pública brasileira atravessa um período de profundas transformações e exigências, marcado por avanços normativos e estruturais, mas também por desafios que afetam diretamente quem está na linha de frente: os professores e os gestores escolares.
É urgente trazer à luz as dificuldades cotidianas vividas por esses profissionais, que enfrentam sobrecarga, burocracia, pressão por resultados e, muitas vezes, a ausência de condições adequadas para exercer seu trabalho com qualidade.
A sala de aula como espelho da realidade social
Os professores têm, cada vez mais, acumulado funções que vão muito além do ensino. Espera-se que sejam educadores, conselheiros, mediadores de conflitos, referências emocionais e até substitutos das ausências sociais. Muitos atuam com turmas extensas, enfrentam a falta de recursos didáticos e lidam com estruturas físicas precárias.
A formação continuada, quando oferecida, nem sempre está alinhada às demandas reais da escola. Soma-se a isso a baixa valorização profissional, refletida em salários defasados e na invisibilidade do seu protagonismo.
Gestores: entre a burocracia e o compromisso com a transformação
Os gestores escolares enfrentam o desafio de administrar um sistema educacional altamente burocratizado, repleto de metas, planilhas, relatórios e prestações de contas que, muitas vezes, os afastam do que realmente importa: o acompanhamento pedagógico e o cuidado com as relações humanas dentro da escola.
Além disso, são pressionados por resultados em avaliações externas, mesmo quando lidam com contextos de vulnerabilidade social que exigem políticas públicas integradas e não apenas o foco em indicadores.
Tecnologia, inclusão e novas exigências
A pandemia da COVID-19 evidenciou as desigualdades no acesso às tecnologias. Mesmo com os avanços nos recursos digitais, a inclusão ainda é um desafio, pois professores e alunos nem sempre dispõem de equipamentos adequados e conectividade estável.
A adoção da educação híbrida exige formação específica e tempo para planejamento – um recurso escasso na rotina já extenuante das escolas públicas.
Além disso, a inclusão escolar segue exigindo aprimoramento. Embora os marcos legais tenham evoluído, o suporte técnico especializado, o número suficiente de profissionais de apoio e o preparo das equipes pedagógicas para lidar com a diversidade – seja de alunos com deficiência, transtornos de aprendizagem ou diferentes realidades culturais – ainda precisam ser consolidados.
Caminhos possíveis
Apesar dos inúmeros desafios, a escola pública permanece como um espaço de transformação e resistência. É nas salas de aula que projetos inovadores ganham vida, onde vidas são transformadas e comunidades se fortalecem. Para que esse potencial seja realizado plenamente, é fundamental investir na valorização dos profissionais da educação, assegurar recursos adequados, fortalecer a formação continuada e, acima de tudo, ouvir as vozes daqueles que vivem a realidade escolar diariamente.
É hora de reconhecer as lutas dos educadores e gestores, fomentar políticas públicas responsáveis e sensíveis, e construir, juntos, um futuro digno para a educação que queremos e merecemos.