quarta-feira, 14 maio 2025

Fé e divórcio

Por Rev. André Luís Pereira
Por
Rev. André Luís Pereira
Foto: Arquivo Pessoal

”Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe”. (Marcos, 10:9)

Essa frase e Jesus é frequentemente pronunciada em dois momentos particulares: no casamento e no processo de divórcio entre cristãos.

No casamento, a frase parece carregar um “tom profético”, e todo mundo diz “amém”, inclusive e especialmente os noivos e seus pais.

No divórcio, ela vem carregada como mais um peso sobre aqueles que estão se divorciando, o tom é praticamente de uma maldição.

Porém, nem profecia e nem maldição, apenas uma reflexão sobre quem, de fato, uniu um casal em laços conjugais.

Digo isso porque creio que, definitivamente, o que Deus une não há necessidade de ser separado, pois as suas obras são perfeitas, mesmo quando operadas na imperfeição humana.

O que, me parece, é que vivemos sob a incapacidade de conhecer o outro plenamente. Por mais que namoremos e fiquemos noivos por muito tempo, mesmo assim é impossível conhecer completamente o outro, afinal, o objetivo do outro é se casar conosco e nós com ele, então, algumas realidades ficam guardadas na gaveta, e só são retiradas quando o objetivo é cumprido. E daí, infelizmente, não há muito o que se fazer: ou se unem para construir juntos um relacionamento, ou, então, sofrem, se frustram, se amarguram, pelo tempo que durar o relacionamento.

Não, a Bíblia não entende o casamento como um cárcere. Nem mesmo no Antigo Testamento, sobre o qual alguns dizem ser o “tempo da Lei e não da Graça”.

Sim, como bem pontuou Jesus, o divórcio foi instituído por causa da dureza do coração do ser humano que, no auge do seu egocentrismo, não se permite construir, ou seja, não reconhece seus erros, desrespeita o cônjuge de várias maneiras, agride, imprimi violência, deslealdade, infidelidade, e, então, a Lei liberta o oprimido do opressor; liberta do cárcere violento e das infidelidades.

Ora, se Lei legisla assim, então, ela não é profecia e nem maldição, ao contrário, ela é inútil para aqueles que, crendo e vivendo o Evangelho, se uniram e foram unidos pelo Senhor; e é útil para aqueles que, por desprezarem o Evangelho, foram laçadas e acorrentadas em relacionamentos abusivos, destrutivos e adoecedores.

O que Deus uniu, no que diz respeito ao casamento, somente a morte separa; o que Deus não uniu, mas sim as conveniências, a teimosia, a falta de sabedoria e discernimento, o desprezo as orientações, a gravidez indesejada, bom, isso tudo pode ser desunido a qualquer momento, e a maneira mais correta é o divórcio.
Penso que em dias em que há uma explosão de feminicídios, muitas pessoas podem encontrar verdadeira liberdade no divórcio.

De fato, como disse Jesus, no princípio, ou seja, em relação a Adão e Eva, as coisas não eram assim. Porém, se faz necessário lembrar que, na história dos nossos primeiros pais, necessariamente antes do acontecimento chamado por alguns de Queda, não havia dureza no coração, havia correspondência.

Que possamos refletir melhor sobre aquilo que, em nome de uma má e conveniente interpretação, usamos para abençoar ou amaldiçoar as pessoas.

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