POR RAFAEL CERVONE / EMPRESÁRIO E PRESIDENTE DO CIESP
O segundo turno da eleição presidencial é uma oportunidade para os dois finalistas concentrarem suas campanhas na apresentação de propostas para o desenvolvimento. Quando o debate fica eclipsado por acusações e agressividade, dissipam-se as proposições e se perde a oportunidade de auscultar os segmentos econômicos e a sociedade. Cabe salientar que o vencedor do pleito também pode aproveitar bons programas apresentados pelo adversário.
É por isso que, neste segundo turno, queremos mais projetos e menos bate-bocas – chega de improviso! A indústria paulista tem sido proativa em termos propositivos no processo eleitoral. Apartidários enquanto representação classista e focados no propósito da prosperidade do Brasil e de São Paulo, promovemos, na sede do Ciesp e da Fiesp, encontros com os principais postulantes à Presidência da República e ao governo paulista.
Foram eventos em alto nível e produtivos. Ouvimos os candidatos e lhes apresentamos as propostas contidas em um documento das entidades sobre diretrizes de um projeto de país. Uma das prioridades refere-se a políticas industriais modernas. Trata-se de consenso avançado, baseado nas experiências internacionais frente a um novo paradigma tecnológico e sustentável, recolocar o setor manufatureiro como motor da retomada.
Precisamos acelerar a transição à Indústria 4.0. Para isso, é preciso definir seu marco legal, adequando incentivos e reduzindo custos do financiamento. Deve-se, ainda, fomentar o desenvolvimento produtivo e tecnológico de fornecedores e startups, além de criar instrumentos para as médias, pequenas e microindústrias. Definir uma agenda de investimento também é crucial, contemplando redução do custo e mais acesso ao crédito.
O fortalecimento da infraestrutura é outro fator urgente. Cabe fomentar o investimento público, mantendo a sustentabilidade fiscal, e incentivar o empreendedorismo, por meio de concessões e parcerias público-privadas. Também são prioritárias a reforma administrativa, para se alcançar uma estrutura fiscal saudável, e a tributária, com isonomia na taxação de todos os setores, instituição do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e desoneração das exportações e dos investimentos.
A proposta do Ciesp e da Fiesp abrange, ainda, o aprimoramento das políticas públicas de saúde, com foco na gestão, avaliação dos gastos e melhorias na estrutura gerencial. Outra prioridade é elevar a qualidade do ensino, para que cumpra seu papel como alavanca do desenvolvimento. Para tanto, é necessário fortalecer a governança da Educação Básica, modernizar a gestão, valorizar os professores e fortalecer o ensino técnico e o tecnológico, cuja pertinência é demonstrada pelo grande êxito do Senai na formação de milhares de brasileiros.
Esperamos que, no segundo turno, as ideias e as propostas sobreponham- -se à truculência verbal. O debate e a apresentação de um projeto de país, não de governo, de longo prazo e sob absoluta segurança jurídica, fortalecem as eleições como plataforma democrática para delinearmos uma agenda eficaz para o presente e o futuro do Brasil.