quinta-feira, 25 abril 2024

Força e resiliência

Por Marcos Barbosa

A resiliência precisa ser constante. Quando acreditei que não haveriam mais chances ou que eu não conseguiria me reerguer, me vi indo adiante. Por mais que nos queixemos de que não temos mais forças ou de que estamos cansados o suficiente para desistir de tudo, naturalmente as coisas continuam seguindo e se reorganizando.

Nossa caminhada não é clara, tampouco linear. Altos e baixos fazem parte da vida adulta. Hoje, acontecimentos aos quais me deparei na adolescência me fazem entender que, aquela fase em especial, sempre será chocante para todos que por ela passar. Nos depararmos com essa transição entre a infância e o mundo adulto e, por mais que recebamos o apoio de quem nos ama, sempre será um período conturbado.

Aliás, esse processo de reconhecimento e descoberta de quem somos e do que queremos e podemos ser, é diário. Somos confrontados o tempo todo pela nossa própria mente sobre os rumos que escolhemos à vida.

Não é fácil crescer e se ver cada vez mais responsável por tomar decisões importantes, e que talvez te leve a uma situação irreversível. É uma pressão imensa. Nessa fase também passamos a notar que é natural passarmos a tomar conta de outras pessoas. Você passa a não depender tanto de quem sempre cuidou de você e gradativamente vemos esse papel se inverter.

É parte do crescimento ver-se cercado de afazeres e de tanta dependência. Não dá pra ser diferente. Se por um lado não são os relacionamentos que nos levam a isto, através do casamento e filhos. Ficar na inércia não é garantia de que você estará ligado às rotinas da sua família. Embora preguemos a independência da vida adulta, sempre dependeremos de algo ou alguém. Se não for de pessoas serão de animais de estimação, vícios ou remédios.

Acredito que a cada dia precisamos buscar a entender o ser humano e tratar com mais naturalidade essas mudanças. Nosso corpo o tempo todo nos emite alertas sobre o que é ou não bom para nós. Por isso, é imprescindível estar atento às necessidades. Por mais que o tempo seja cada vez mais escasso, ao longo dele enxergo ser preciso termos brechas na agenda para realizar o que nos faz bem. Seja um papo com amigos, uma saidinha pra um sorvete ou aquele dia de bobeira em que exercitamos o ócio sem culpa. Se for durante a semana então, melhor ainda.

Tem ficado cada vez mais evidente que tudo o que não tem feito bem, se vai. Às vezes bate a saudade, mas também um receio da reaproximação. Faz bem sentir isso. Vão dizer que você mudou e que as coisas não são mais como antes. E por que isso seria ruim? Por que associamos a mudança a algo ruim? Agradeça, pois mudar faz parte do crescimento e reconhecimento do que cabe ou não mais em sua vida.

É preciso ser resiliente. É preciso ser paciente e perspicaz. Muitas situações jogarão contra você e é fato que a reclamação e o sentimento de exaustão, que se não física será mental, poderá ser constante, mas é preciso continuar vivendo.

Boas ou ruins, as experiências são responsáveis por você ter se tornado quem é hoje. Uma pessoa bem resolvida em alguns aspectos e em construção em outros. Algumas reformas ainda serão necessárias para ajeitar aquilo que não está bom, mas você saberá reconhecer a hora certa para isso. 

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também