Por Marcos Barbosa
No próximo dia 28, comemoramos mais um dia internacional do Orgulho LGBTQIAP . Data importantíssima para mim e a todos que se consideram parte dessa grande comunidade. Apesar de estarmos à margem do preconceito e não aceitação da sociedade, celebrarmos quem somos e nossa existência é indispensável.
Vivemos em tempos obscuros, onde a violência e ataques a homossexuais têm sido normalizada pela sociedade. Muito se dá pela atual conjuntura política do país, onde temos como representante alguém que valida tal atitude, fazendo com que seus apoiadores sintam-se no direito em praticar tais delitos. Previsto em Lei, homofobia é crime.
Uma recente pesquisa divulgada pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2,9 milhões de brasileiros com mais de 18 anos se consideram LGBTQIAP . Em números, isso representa apenas 2% da população total do país.
Fica a pergunta: quantos homossexuais você conhece? Veja bem, estamos falando de gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transsexuais e muito mais denominações de gêneros que compõem a sigla. Agora, será mesmo que representamos apenas 2% da população do Brasil?
Um exemplo autoexplicativo. No último fim de semana ocorreu a Parada do Orgulho LGBTQIAP , na Avenida Paulista, em São Paulo. Segundo os organizadores do evento, passaram por lá cerca de 4 milhões de pessoas. Sendo este, o público recorde da história da parada. Estranho o dado da pesquisa, não é? Ser homossexual, não só no Brasil, é sinônimo de resistência e resiliência. Conviver com a homofobia e tantos assédios têm se tornado comum, mas não podem se tornar rotina ou normalizados. Não podemos nos calar e fingir que está tudo bem nos tratarem mal ou desdenharem de nossa existência.
Até quando vão subjugar-nos? À margem da promiscuidade e apontamentos errôneos sobre nós? Somos médicos, arquitetos, jornalistas, e independemente de sua formação, se você tem ou não, somos filhos, irmãos, pais, seres humanos. Merecemos respeito. É o mínimo que podem nos oferecer. Sentimos a pressão de ter que estudarmos mais, de nos prepararmos mais para o mercado de trabalho, estarmos em posições profissionais que a sociedade considera como posições de sucesso, e reforçar que também possuímos relacionamentos saudáveis e duradouros, quase sempre. E para que isso? Para não carregar o estereótipo de fracasso, à margem do poder público e suas iniciativas, e da promiscuidade.
Desde a infância sofremos abusos pela má interpretação familiar sobre quem somos. Em grande parte repressiva e corretiva, ocasionando traumas que só conseguimos tratar após adultos, quando podemos ter acesso a nossa verdadeira identidade. Isso quando dá tempo. Muitos partem pelo caminho.
De acordo com o Observatório de Mortes e Violência contra LGBTI , somente no ano passado, 316 pessoas homossexuais foram mortas no Brasil por causas violentas. E pra quê isso? Por que se importar tanto com algo que não é sobre você? Imcomprensível! Você pode não concordar, mas jamais poderá calar nossa voz.
Como disse, repito: o respeito é indispensável e o mínimo que você pode oferecer a qualquer pessoa. Embora ainda sejamos tratados como minoria, não acredito nesse panorama. É uma caixinha que nos colocam, como forma de controle e manobra. É uma roupa que não nos cabe mais. Não permita que limitem sua existência. Seja você, da maneira que for. Seja feliz!