Por Marcos Barbosa / Jornalista e apresentador
É momento de dar tempo ao tempo. Deixar as coisas fluírem e tomarem caminho próprio. A vida segue e com o tempo e experiência, embora estejamos mais acostumados a lidar com frustrações, com o medo e um asco a certas circunstâncias, também há pressa para que as coisas se resolvam ou melhorem. Com o avanço da idade, perceba, a ferida demora mais a cicatrizar. Aquela gripezinha de antes leva mais dias a passar e os traumas do passado assombram sempre que você se depara com situações as quais já passou antes.
Você se questiona se está indo rápido demais, na direção correta ou se cobrando demais. No entanto, se dá conta de que deveria levar as coisas com mais leveza e sem tantas cobranças. Um outro lado seu pede para que você se permita sentir sentimentos desagradáveis, afinal, faz parte e é necessário passar por todas as experiências. Por fim, você fica dividido sem saber como lidar.
Fato é que não se quer mais passar pelas mesmas coisas, os mesmo incômodos e fantasmas do passado. Você já não tem mais a paciência de antes e nem o equilíbrio. Parece que tudo se torna mais pesado e maior do que parece ser.
Você sente que deveria ser grato e feliz por tudo o que tem, o que conquistou e está vivendo. Você deveria estar radiante, mas não está. Diz para si próprio que poderia ser mais tolerante, que você é chato ou que você está ficando velho e ranzinza. Passa a gostar mais do silêncio e se ausentar de conversas que nada agregam.
Culpa o cansaço, os dias corridos, o fim do ano, mercúrio retrógrado, o inferno astral. Não duvido que possa ser uma dessas coisas ou a combinação de algumas delas. Você também se culpa por estar gastando demais. Fala pra si que precisa poupar dinheiro, mas ao mesmo tempo não quer deixar de participar de momentos especiais na vida de seus amigos e familiares. Quer se fazer presente em viagens, passeios, jantares, enfim, deseja viver. Quer gastar com você também.
Comprar aquela roupa ou item que está namorando há algum tempo. Compreensível! Segue acreditando que as coisas melhorarão, afinal, foi o que aconteceu até aqui. Mas teme voltar a sentir o dissabor de um passado recente, onde contava o dinheiro e tinha que priorizar o que era essencial.
Quantos não se sentem assim? Como lidam com essas questões? São questões que rondam a cabeça de todos, não tenho dúvidas. Por estarmos numa construção e desconstrução constante, essas perguntas seguem no nosso consciente.
Não sei se já notou, mas você também acaba não se permitindo errar. Não tem muita paciência com as pessoas e passa a querer acelerar tudo, quando na verdade, tudo tem o seu próprio tempo. Quem é você? Quais os seus sonhos e objetivos? O que está fazendo para chegar lá? O que têm feito para se manter e quais são as perspectivas do futuro? São pontos importantes a levantar para que possa se sentir mais seguro e buscar as respostas para tantas perguntas. Vale a pena o exercício. A gente precisa parar de vez em quando para nos questionarmos um pouco mesmo. Sobre o tempo, o que é importante pra você e se está alinhado ao que espera do presente.