quarta-feira, 14 maio 2025

Nem Grande Nem Pequena

Por Reverendo André Luís Pereira, ministro presbiteriano
Por
André Luís Pereira
Foto: Divulgação

Em alguns ambientes religiosos há uma discussão sobre o tamanho da fé que uma pessoa tem (ou deveria ter). Fala-se de uma fé grande e criminaliza-se a fé pequena.

A fé considerada grande é aquela observada em pessoas que demonstram uma confiança inabalável em Deus. Elas passam por grandes dificuldades na vida, experimentam grandes perdas, porém, não vacilam em sua fé.

A fé considerada pequena é aquela observada em pessoas que estão sempre oscilando entre confiar e sentir-se inseguras em relação ao socorro de Deus. Essas pessoas, segundo essa fé que têm, vivem numa montanha russa espiritual.

Contudo, é necessário compreender que fé não tem coeficiente de medição. Fé é fé, e ponto. As Escrituras do Novo Testamento, dizem que a fé é um presente que Deus dá livre e gratuitamente às pessoas. Ora, se a fé, então, é um presente de Deus, podemos considerar que ela sempre é suficiente, uma vez que aquele que a dá é perfeitamente justo.

Assim, creio que a fé não é grande e nem pequena, ela é suficiente. Os fatores de oscilação não falam da fé que possuímos, mas falam da nossa humanidade que, vivendo as intempéries da vida, afeta nossas emoções, nos dando a impressão de que não confiamos em Deus da maneira como deveríamos confiar.

Mas, e aqueles que não vacilam diante das dificuldades da vida? Bom, fica a pergunta: não vacilam mesmo? Será que a nossa frágil humanidade tem condições de não vacilar diante das angústias da existência? Talvez, essas pessoas sejam aquelas que sofrem duas vezes, ou seja, sofrem caladas suas dores e sofrem por manter uma aparência inabalável diante das pessoas; seja por uma questão de orgulho, seja por uma questão de evitar a vergonha ou qualquer outro sentimento que lhes são desconfortáveis.

Assim, nesta questão da fé, penso que você não precisa carregar este fardo e nem ostentá-lo. Acredito que você, talvez para que haja uma maturação da fé, possa, na medida do que lhe é possível, tentar descansar em Deus, confiante de que é ele quem dá o suporte para que você viva as experiências às quais tem vivido. A vida é difícil pra todo mundo, e tal dificuldade não tem relação com mais ou com menos fé.

Siga com fé; ande com ela. Como bem poetizou Gilberto Gil: “andar com fé eu vou, que a fé não costumar faiar”. Se a fé, em algum momento, parecer faiar, Deus não falha em nos acolher. É isso.

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