quinta-feira, 2 maio 2024
REFLEXÃO

O tempo

Por Ailton Gonçalves Dias Filho, pastor presbiteriano
Por
Ailton Gonçalves Dias Filho
Foto: Divulgação

Tirei 10 dias de férias. Fui à Ipanema, no Leste de Minas Gerais, visitar minha mãe, ficar mais perto dela ainda que por um curto período de tempo. Ipanema é uma pacata cidade no interior de Minas, minha terra natal. No último censo, de 2022, o IBGE apontou uma população de 19.522 munícipes. Pequena. Um brinco de cidade, um povo maravilhoso.

Mas, não quero falar da cidade. Quero falar do tempo. Nestes dias de férias desacelerei. Desopilei a mente. Descansei. Brinquei. Dei risadas. Revi parentes. Revi amigos e companheiros de outrora. Comi frango caipira com quiabo, comi biscoitos de polvilho, pão de queijo e muito “cafezim”, todos os dias. Fiz tudo isso observando o tempo. Percebi que o tempo em Ipanema é preguiçoso. Seu ritmo é diferente. O dia tem as mesmas 24h, como em todo lugar do mundo. Mas, o ritmo é completamente diferente. Creio que é assim em toda cidade pequena. O passar das horas é em outro compasso. Nada é apressado. Dá para ouvir os pássaros. Dá para ver. Vi Jacus, Laricos, Sanhaços, Sofreus, Canários e Sabiás…. Lembrei do Senhor Jesus… “olhai as aves do céu…” A próxima vez que voltar a Ipanema levarei um binóculo. Quero ver mais de perto.

Percebi que até o sotaque do mineiro do interior é mais arrastado por causa do ritmo do tempo. Pode ser nossa reação diante do tempo influenciando nossa linguagem, nosso falar. Apenas uma teoria, uma ideia… Não sei. Lembro de ter visto uma vez em livro, uma tese de doutorado (USP), falando da “mitologia da mineiridade”, retratando a topografia, as montanhas e serras como fatores influenciadores forjando o jeito mineiro de ser. Quem sabe também o jeito do mineiro encarar o tempo também influenciou, com o tempo, seu jeito de falar? O tempo dirá.

As férias são um período de tempo que nós temos para curtir o tempo. No cantar de Rita Lee, “nada melhor do que não fazer nada…”. Só observar o tempo. Lembrar o Pregador que escreveu: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou….”

Tempo de perceber o próprio tempo… Tempo de perceber a nossa transitoriedade e orar como o salmista: “ensina-nos a contar o nosso tempo, para que alcancemos coração sábio”. Um coração capaz de ver e curtir a beleza dos pássaros. Ver e curtir a beleza da vida e do próprio tempo.

É isso.

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