sexta-feira, 11 julho 2025

Os desafios da inteligência artificial

É normal, mesmo em 2020, que os consumidores ainda percebam a Inteligência Artificial (IA) como algo distante da realidade. Nas empresas em geral, ela é bastante usada para ampliar a automação de tarefas consideradas repetitivas, ou seja, para permitir que o colaborador se ocupe com funções mais intelectuais. No setor em que ele atua, contudo, além desse uso mais corriqueiro, a tecnologia ajuda também a compreender as necessidades do consumidor.

Historicamente, o primeiro passo do autosserviço no atendimento ao cliente foi a Unidade de Resposta Audível, a URA. Durante muitos anos, ela foi ironizada dentro e fora do ambiente do atendimento, justamente pela sua recorrente incapacidade cognitiva.

Com a chegada da IA, contudo, a capacidade de processamento de linguagem natural aumentou e, agora, a URA pode realmente entender o que o consumidor diz, indo além da identificação de palavras específicas, reconhecendo formas variadas de expressão. Quando começaram as primeiras interpretações na URA, ela dava algumas opções, pois a tecnologia simplesmente traduzia a voz para texto e a analisava de acordo com isso. Hoje, o consumidor pode falar como quiser. O uso no telefonema apoiado pela URA, porém, é um exemplo de um dos usos mais simples de IA. Essa tecnologia tornou muito mais potente a análise de dados e, como consequência, viabilizou o aprimoramento do relacionamento. O atendimento se tornou mais ágil para o consumidor, é possível obter soluções logo na primeira chamada e deixa de ser preciso envolver várias áreas.

Para o colaborador, por sua vez, o processo de atendimento também se torna mais ágil, afinal, o que era feito de maneira manual ou repetitiva é automatizado e, enfim, as habilidades humanas podem ser, de fato, exploradas. Apesar de todas as vantagens que a IA traz, há também obstáculos que os negócios precisam superar para utilizar essa tecnologia de maneira plena. Dois deles: a privacidade e a ética.

Para determinados setores, como o de bandeiras de cartões de crédito, a preocupação com a segurança e os dados não é uma novidade: ele foi pioneiro ao criar o PCI Security Standards Council, um conjunto de regras que protegem estabelecimentos e consumidores de fraudes. Contudo, a criação da Lei Geral de Proteção de Dados levou essa preocupação para outros segmentos e, além disso, deu autonomia ao cliente para que ele decida o que deverá ser feito com os seus dados.

Ainda há quem creia que IAs são neutras em termos de comportamento e opinião. Mas, por ser desenvolvida e programada por pessoas, é natural que essa tecnologia carregue alguns vieses. É dessa perspectiva que surge a discussão sobre a ética: como educar uma IA para que ela respeite a todos? Mais do que isso, como embuti-la em tecnologias como carros autônomos e ensiná-la a tomar a decisão correta em uma situação de perigo? No Brasil, essa discussão ainda está começando.

Escrito por: Alexandre Resende | CIO da Sercom e CEO da Contactone
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