O cantor e compositor Carlos Imperial, numa de suas canções, poetizou: “A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim; tudo é igual, mas estou triste porque não tenho você perto de mim”.
Já reparou que, muito embora possa haver muita beleza ao nosso redor, quando as pessoas que queremos bem estão conosco, o que é bom fica ainda melhor? Acredito que é esse sentimento que fora a inspiração para o Carlos Imperial: encontrar a completude da beleza numa boa companhia.
Qual o valor de um lindo parque quando não há crianças correndo, gente conversando ou caminhando? Qual o valor de uma casa bonita, bem mobiliada, se dentro dela não houver pessoas queridas? Qual o valor de um carro de luxo quando não há alguém especial ao lado, para curtir um gostoso passeio?
A gente luta e se desgasta pra ter o melhor, porém descobre que o melhor só é possível quando há presença. E a presença torna melhor até aquilo que não parece tão bom aos nossos olhos ou ao nosso paladar. Esses dias uma pessoa querida me disse: “André, semana passada fui a um restaurante muito legal, lá fiquei pensando como seria bom se você, a Liliane e Marina também estivessem conosco”. Ou seja, o restaurante não deixou de ser bom, mas se houvesse uma determinada presença, seria melhor ainda.
Isto é viver: encontrar pessoas que sejam uma presença agradável pra gente, ao ponto de melhorar o que é bom, ou tornar bom até o que seja ruim. Viver é presenciar a vida junto do outro; é curtir as presenças preciosas que nos são grandes presentes e fazem valer a pena nossas conquistas; viver é encontrar na presença o sentido pelo qual fazemos o que fazemos.
Eu adoro um sorvete de massa de uma determinada rede de fast-food, porém, esse sorvete tem um sabor diferenciado quando minha esposa e/ou minha filha estão presentes. Também adoro um churrasco, mas o melhor churrasco do mundo acontece na casa dos meus pais, com a família toda reunida. Amo viajar, mas desde que me casei, os melhores destinos só são melhores na companhia da minha esposa e, também agora, com minha pequena filha.
Pre-sen-ça! É isto que dá sentido às coisas mais do que elas mesmas têm em si. Ouso dizer que é a presença que torna a gente, gente. Somos seres altamente relacionais, vivemos em interdependência em todas as esferas da vida, até mesmo na individualidade, por incrível que possa parecer.
A praça pode ser a mesma, o banco, as flores e o jardim também; aliás, eles podem até ser reformados com o tempo, mas o valor que conferimos a eles sempre será maior por conta das presenças que lá se fazem. Portanto, celebre as boas presenças em sua vida.