Por Mario Eugênio Saturno
Há algumas semanas, Carlos Nobre, eleito em maio último como membro estrangeiro da Royal Society, e que fez carreira como climatologista no INPE, tornando-se o maior especialista em floresta amazônica, declarou que já conhecemos os caminhos e as soluções para ter um país melhor, agora, precisamos de vontade política!
Refleti sobre o nível intelectual de nossos políticos e cheguei à conclusão que o problema dos políticos não tem a ver com vontade, mas com falta de inteligência, tanto racional, quanto emocional. Por isso proponho criar o Quociente de Inteligência Política, QIP!
Inteligência, “intus legere” em latim, significa ler por dentro. É um conceito convergente com o pensamento de Sócrates e Platão, o cérebro interpreta as informações dos sentidos, traduzindo para símbolos, no mundo das ideias.
Quando, lá nos idos 1980 comecei a estudar Ciência da Computação na Universidade Federal de São Carlos, tive contato com a Lógica na sua forma mais essencial, a linguagem de programação. As linguagens de computador não têm interpretações dúbias, não existe duplo sentido, tudo é muito bem definido. E para que um programa de computador funcione, raciocínio e criatividade são essenciais para a solução de problemas, sejam comerciais, industriais, agrícolas e científicos.
Ao tornar-me professor visitante do Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA, fiquei animado a fazer o mestrado. Apesar de ser aprovado no ITA, resolvi inscrever-me no INPE mesmo, eu já era funcionário e facilitava, aparentemente. Durante o curso de Inteligência Artificial – IA, criei um neurônio artificial que empolgou o professor a querer que eu fosse para a disciplina dele. Mais tarde tornei-me professor de IA em Catanduva.
Eu mesmo me surpreendia com a simplicidade de um neurônio artificial, que era apenas uma equação senoidal e reconhecia padrões, como a vogal “a” contra as demais, sendo que bastava variar sistematicamente as constantes (peso) para encontrar a equação de cada neurônio em uma rede neural para resolver esse problema, e esse método é chamado treinamento.
Assim, pela minha experiência e conhecimento, defino inteligência simplesmente como sendo a capacidade de resolver problemas. A resolução de um problema inicia-se com o entendimento desse problema que chega ao cérebro por algum sentido, dos cinco que temos.
Dessa forma, a inteligência depende do conhecimento já adquirido, da velocidade do cérebro, da experiência, e das técnicas de análise e raciocínio. Platão escreveu diversos livros, tendo Sócrates como personagem principal, cuja finalidade era apresentar conceitos e treinar o cérebro para pensar simples, mais rápido e melhor.
Nossos políticos, em geral, têm pouco conhecimento sobre democracia, macro-economia, relações internacionais, tecnologia e educação. Sem saber analisar, usam mais a emoção que a razão, o que resuta em diagnóstico errado dos problemas nacionais e, depois, planejam equivocadamente o uso dos recursos disponíveis para tornar nossa nação grande. Ou seja, falta QIP aos nossos deputados e senadores. Então, vote no melhor, no que some e multiplique.