domingo, 19 maio 2024

Respeite os processos

Por André Luiz Pereira, teólogo e psicanalista
Por
André Luis Pereira
Foto: Divulgação

Hoje fiquei pensando sobre como o nosso desenvolvimento na caminhada da fé é, verdadeiramente, um processo, e um processo que precisa ser reconhecido e, então, respeitado.

Precisa ser reconhecido em nós mesmos e, por ser reconhecido assim, então, ser também reconhecido no outro.

Se nos vemos e nos percebemos em processo, conseguimos compreender melhor o processo pelo qual o outro também está passando. E perceber não é apenas constatar, mas, especialmente, se respeitar, se acolher, se ajudar em cada etapa do processo, que é muito doloroso.

É doloroso porque o caminho de Jesus é um caminho no qual ele nos dá a mão para que possamos atravessar os vales de sombra e de morte. Tais vales, nem sempre são os sofrimentos externos que se apresentam no cotidiano, penso que os vales mais profundos e de escuridão mais densa, são aqueles que, por conta do pecado, habitam o labirinto do nosso coração.

Julgar a fé do outro a partir do comportamento dele, talvez seja uma das atitudes mais cruéis que possamos ter contra o outro. Imagine você se Jesus fosse da filosofia popular do “me diga com que tu andas e eu te direi que tu és”, que é dita de boca cheia por alguns cristãos. Ele mesmo, religiosamente falando, era uma péssima companhia, pois, além de subversivo, subvertia a mente e o coração daqueles que andavam com ele.

A mulher samaritana, a outra mulher que fora pega em adultério, Zaqueu, e todos os outros “pecadores” com os quais Jesus conviveu, nenhum deles fora julgado pelo Mestre, apenas os religiosos foram os que os sentenciaram.

Todos nós vivemos dentro de um processo. Processo longo, que, segundo a Bíblia, durará até aquele grande dia no qual Ele nos buscará para si. Alguns avançaram mais, pois estão a mais tempo no caminho; outros, mesmo com muito tempo neste mesmo caminho, avançaram pouco. Porém, seja pouco ou muito, todos estão no processo e, por isso, carecem de paciência, resiliência, compaixão, misericórdia, empatia e apoio, seja de si mesmo ou seja dos outros que estão trilhando na mesma direção: a imagem de Cristo.

Portanto, se você está afoito pelo seu crescimento e amadurecimento espiritual, acalme seu coração, você vai alcancá-lo, e digo que vai porque é lá que o caminhar com Cristo nos conduz, e nos conduz a despeito da nossa afoiticidade; nos conduz porque ele quer que lá cheguemos.

Da mesma forma, portanto, acalmemos o nosso coração em relação ao outro. Ele também, no devido tempo, alcançará a maturidade espiritual, mas o “devido” tempo não é aquele que julgamos ser “devido” a partir do nosso tempo; também, o “devido” tempo não é aquele que o outro acha que deve ser; mas o “devido” tempo é o tempo que Jesus achar que é.

Lembre-se, em Cristo, já estamos vivendo a eternidade; através da sua obra salvífica tudo foi consumado, então, vivendo a eternidade, não precisamos ter pressa, apenas paciência, resiliência, confiança, compaixão, misericórdia, fé, e amor, por nós mesmos e por aqueles que trilham conosco, seja ao nosso lado, mais a frente ou atrás, mas com a tranquilidade de que estamos todos indo na mesma direção.

Respeite o processo; respeite o caminho; respeite e a si mesmo em seu processo; respeite o próximo e o desenvolvimento do processo dele.

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