No dia a dia, tão corrido e impessoal, em grande parte das vezes, acabamos por sentir a necessidade de um afeto maior e um contato mais humano e sincero. Criamos expectativas sobre coisas e pessoas, supondo situações e também ideias sobre como o outro se sente mediante as situações cotidianas. A verdade é que todos somos carentes de amor e buscamos, de certa forma, em outras pessoas, aprovação. Receber um não ou acabar tendo nossas expectativas frustradas é sempre muito ruim. Mas por que então as criamos? Sabemos que não podemos esperar por nada e mesmo assim tendenciamos essas questões.
A ansiedade é responsável por isso, mas nós é quem somos responsáveis por controlá-la. Isso quando conseguimos.
Sempre que nos deparamos com novas situações ou com adversidades a ansiedade é inevitável. Há vezes em que somos tomados por ela e não sabemos o que fazer ou como lidar. Nessa hora estar sozinho é a pior coisa que pode acontecer. É sempre bom ter com quem dividir os anseios da vida. Contar o que te aflige, buscar outro olhar sobre a situação em questão, ver de uma outra narrativa.
Todos dizem que criar expectativas nos frustra. Mas como não criar? Não encontro respostas para tal pergunta. Vivemos todos os dias buscando pelo melhor, pela felicidade, por momentos de verdade. Eu, pelo menos, gosto de constituir e de manter comigo pessoas e relações que são verdadeiras e de coração. É difícil nos dias de hoje sair do superficial e, quanto mais o tempo passa, essa necessidade fica ainda maior.
Não se quer mais perder tempo com joguinhos e não se aprofundar nas relações que constituímos e estamos a constituir. Queremos o palpável, o seguro. Muitas vezes nos atiramos nesta busca, em meio ao escuro, sem saber o resultado final.
A verdade é que se dependesse apenas de nós tudo seria mais fácil, mas também perderia a graça da vida. Mas convenhamos que lidar com o sentimento dos outros, que muitas vezes não é o mesmo que o nosso, é frustrante. Para os intensos de plantão a dificuldade é ainda maior. Para quê molhar apenas os pés ou ficar no raso? O gostoso é entrar de cabeça, e por completo. Um risco. Pode dar certo ou não. Só se despreza o novo aquele que tem a segurança de que tudo já constituiu e que nada deve se alterar. Engana-se. A vida está o tempo todo em constante mudança.
Minhas experiências comprovam isso. Quantas pessoas já não passaram por minha vida e eu tive de deixar partir? Muitas contra a minha vontade, mas onde a decisão não cabia somente a mim. Quantas coisas gostaria de ter dito e vivido, mas não pude? Por ego, por vergonha. As desculpas são tantas que se colocasse à mesa poderia ficar por linhas e mais linhas aqui descrevendo.
A vida não é fácil, não é simples e também não vem com manual. É preciso saber administrar todas essas situações e tentar manter o equilíbrio. É difícil, eu sei. A tentativa é diária e constante, mas é preciso seguir e viver. Seja de qual maneira for. Se vale um pedido, não guarde aquilo que sente e que pode ser dito ao outro. Por mais ridículo e idiota que você se sinta depois, pelo menos você se arrependerá pelo que fez e não pelo que deixou de fazer.
Alimente ou não suas expectativas. Lidar com as frustrações faz parte. Nem todos os dias podem ser felizes, dia ou outro acaba por ser mais melancólico mesmo. Só não se perca em meio aos sentimentos e não crie medo em tentar novamente. O recomeço faz parte e precisa acontecer. Vá com calma, mas vá. Parado não podemos ficar, não é mesmo?
Escrito por: Marcos Barbosa | Jornalista e Apresentador